terça-feira, 27 de agosto de 2013

"...do conselho sincero do homem nasce uma bela amizade" (Provérbios 27:9b)

Este provérbio, ainda que verbalizado por muitas pessoas, retrata, também, uma situação que, na prática, é muito difícil de lidar: a sinceridade. De fato, quando temos maturidade para compreender aquilo que nos é dito com sinceridade, seja uma triste verdade, uma crítica ou alguma constatação sobre o nosso comportamento, aprendemos a viver melhor, porém, quando nos falta maturidade, infelizmente, tratamos qualquer informação sobre nós com desconfiança e, dependendo do caso, com agressividade ou indiferença. Há, também, aquelas pessoas que não sabem lidar com a sinceridade, seja de forma ativa (sendo sincero) ou de forma passiva (recebendo uma palavra sincera). Geralmente quando uma pessoa usa de sinceridade para com a outra, principalmente quando os laços de amizade não são profundos, tal atitude vem acompanhada de sarcasmo, raiva, rancor e outros sentimentos negativos, produzindo, assim, mais dor e sofrimento àquele que é alvo da "sinceridade". Em casos assim, quando a sinceridade é uma "estratégia de guerra" para desestabilizar o outro, a pessoa adota e verbaliza a seguinte filosofia de vida: "eu sou assim: eu falo na cara; eu não mando recado; o que tem de falar eu falo mesmo", contudo, ainda que  essas frases pareçam atitudes de alguém sincero, na maioria das vezes, elas são expressões de uma pessoa mal educada, insensata e infantilizada. Do outro lado da moeda estão aqueles que não sabem lidar com as críticas e, portanto, com a sinceridade e verdade. Pessoas assim, geralmente, sentem-se perseguidas por todo mundo, sentem-se vitimadas pelo mundo e, portanto, ao se depararem com o apontamento de alguma de suas fraquezas, já levantam bandeira de guerra contra o outro. São incapazes de fazer uma autoavaliação e, dependendo de sua constatação, mudarem aquilo que precisa ser mudado para o seu próprio bem. Há aquelas pessoas que, não sabendo lidar com a maldade alheia em usar a "sinceridade" como instrumento de opressão, permitem-se ao sofrimento até mesmo por apontamentos infundados, visto que, diante deles, não dão qualquer resposta defensiva ou explicativa e, para piorar sua própria situação, absorvem a mentira como verdade. Porém, a sinceridade saudável é uma bênção que traz libertação às pessoas e, de quebra, cria vínculos relacionais profundos. Ser sincero com as pessoas, necessariamente, é um desdobramento provocado pelo amor e, portanto, pelo respeito. A sinceridade, embora seja uma atitude nobre, se for utilizada com más intenções, pode desconstruir vínculos, produzir baixa autoestima e gerar muita intriga. Porém, quando utilizada com amor, produz efeitos vivificadores, motivadores e, assim, transformadores. Contudo, tudo depende da intenção e da sabedoria com que as pessoas utilizam a sinceridade. Hoje é um novo dia, com certeza estaremos expostos aos diversos relacionamentos, por isso, antes de levantar a bandeira da sinceridade, reflita sobre suas reais motivações, pois, fazendo assim, você será, primeiramente, honesto e sincero consigo mesmo e, então, poderá decidir entre ser sábio ou insensato. Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

"Os planos fracassam por falta de conselho, mas são bem sucedidos quando há muitos conselheiros" (Provérbios 15:22)

Eu já escrevi em diversas reflexões sobre a importância de construirmos bons relacionamentos, visto que os vínculos relacionais são imprescindíveis para que possamos viver bem. Acerca disso, falei, também, sobre a necessidade de sermos sensatos na escolha daqueles que denominaremos como "amigos", pois uma boa amizade pode significar o livramento de muitas enrascadas. Enfim, os vínculos relacionais são preciosos, sejam eles quais forem. Cada vínculo que criamos - família, cônjuge, amigos, colegas - impede que nos tornemos egoístas e, assim, ajuda-nos a, através da troca de experiências e orientações, amadurecermos enquanto indivíduos.  Os bons relacionamentos fazem com que tenhamos ao nosso lado pessoas que, verdadeiramente, se importam conosco e, por isso, sempre vão querer o nosso bem. E quando constituímos bons vínculos relacionais, a liberdade que temos uns com os outros, faz com que um ajude o outro quando os sofrimentos, as angústias, as dúvidas, as incertezas, e todas as outras difíceis situações da vida, surgem em nossa caminhada. Tenho quatro grandes amigos: a Liliane, o Flávio, o Fábio e a Eunice, pessoas que sempre posso contar quando preciso de auxílio em minhas crises pessoais, emocionais, espirituais. Em cada situação que apresento a eles, sempre sou orientado de maneira prudente. O vínculo de nossa amizade permite que eu possa me expor a eles e, assim, com muita transparência, dialogamos com a finalidade de gerar crescimento e mais sabedoria para que seja possível lidar com cada situação. Nesses diálogos há muito acolhimento e, portanto, reforço e correções. Às vezes recebo, através do acolhimento, orientações que reforçam as atitudes que estou tomando; outras vezes, também num ato de acolhimento, recebo orientações que corrigem a maneira como estou lidando com determinadas situações; porém, tudo isso acontece quando há exposição e, assim, transparência daquele que busca conselhos. Percebo que muitas pessoas cometem erros absurdos porque, infelizmente, por medo de se exporem aos amigos, ou por não terem amigos, vivem apenas em função dos seus próprios "achismos". Geralmente, pessoas assim, por não se permitirem à exposição, dirigem a vida a partir de si mesmos, sem qualquer possibilidade de ver determinadas situações pela ótica de outra pessoa. Assim, por conta dessa "autosuficiência", casamentos são desfeitos, empregos são perdidos, amizades nunca são estabelecidas, contribuindo, então, para as muitas frustrações e desajustes emocionais. Nos últimos cincos meses tenho trabalho mais diretamente como assessor familiar, neste período tenho notado que o medo da exposição faz com que as pessoas não criem vínculos profundos e, então, vão desenvolvendo a vida segundo a maneira como a entendem e, assim, geram terríveis problemas relacionais, que fazem mal a si mesmas e ao outro, porém, como não podem demonstrar suas fraquezas a quem quer que seja, quando vão buscar ajuda a situação está tão desesperadora que, infelizmente, há pouco o que se fazer. Outros, infelizmente, quando colocados de frente consigo mesmos, ao invés de buscarem ajuda e, então, fazer os ajustes necessários, preferem dar desculpas (os mais educados) a mudar suas posturas ou permitir que alguém os oriente. Desta forma, nasce uma gama de cônjuges insatisfeitos, casamentos de fachada, profissionais frustrados, filhos em crise, e a dureza de coração. Portanto, se você tem intenção de viver bem, com qualidade de vida, estabeleça vínculos  relacionais profundos. Permita-se ao cuidado. Permita-se a exposição. Permita-se a liberdade das concepções engessadas e edificadas apenas em si mesmo. Pense nisso! 
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

"Todo trabalho árduo traz proveito, mas o só falar leva à pobreza" (Provérbios 14:23)

Vivemos num tempo de facilidades. Muita coisa está facilmente acessível às pessoas: tecnologia, comunicação, conectividade, etc. Temos à nossa disposição as comidas rápidas, as entregas em domicílio e, por incrível que pareça, até, para os religiosos mais apressados, "drive thru" de oração. Essa facilidades, ainda que muitas sejam importantes, estão, também, roubando nosso esforço em fazer, conquistar, melhorar, insistir, etc. Sim, a comodidade produzida pelas facilidades, está, na minha concepção, desenvolvendo uma geração de folgados. De fato, há situações em que as facilidades são muito bem vindas, visto que agilizam o nosso dia por não consumirem nosso tempo, porém, quando o assunto é trabalho, mesmo com todas as facilidades que nos envolvem, a dedicação se faz necessária caso queiramos um emprego melhor, um salário melhor, um melhor reconhecimento. Há profissionais que se destacam entre os outros. Geralmente, são pessoas que, antes de qualquer coisa, gostam do que fazem e, assim, sentem prazer em produzir. Por outro lado, há profissionais que não fazem o que gostam, porém, estão presos ao trabalho porque não tiveram outra oportunidade, ou porque têm outras responsabilidades que dependem do seu trabalho, tais como filhos, cônjuges, dívidas. E, ainda, há aquelas pessoas que não trabalham - nem por prazer e nem por responsabilidade - geralmente, pessoas assim, têm os pés fora do chão e a mente a divagar pelos sonhos irrealizáveis. Conheço pessoas que sonham com coisas grandes, contudo, na hora de pôr as mãos na massa e trabalhar para que o sonho possa, em algum momento, se tornar realidade, encontram todo o tipo de desculpa e empecilhos ao trabalho. Às vezes ouço adolescentes falando sobre o sonho de ter um carro super equipado, uma moto potente, um apartamento bem decorado, porém, quando olho para a maneira como estão vivendo, percebo que, se permanecerem da maneira como estão, ou seja, estagnados, infelizmente, serão pessoas frustradas com a vida. Lembro-me de amigos da escola, no ensino médio. Lembro-me dos sonhos, projetos, desejos, que compartilhávamos. Cada um tinha uma idealização de carreira, porém, com o passar dos anos, quando encontro boa parte deles, percebo que, em algum momento, ficaram esperando que as coisas caíssem do céu. Uns se tornaram pais e mães em plena adolescência; outros foram pelo trágico caminhos das drogas; alguns já foram - outros estão - presos; e há até aqueles que já morreram por causa da criminalidade. Ora, sonhar, planejar, idealizar, são atitudes naturais e necessárias, contudo, planejar e não realizar através de atitudes, implica, necessariamente, em fracasso e frustração. Com excessão dos corruptos, as pessoas que têm dinheiro, casas, carros de luxo, vida financeira estável, geralmente, são pessoas que trabalham muito, se esforçam bastante, e investem em si mesmas o tempo todo. Nada cai do céu, pelo contrário, todas as coisas demandam muito esforço pessoal, muito trabalho, e, portanto, tempo. O simplismo religioso de que Deus enriquece aqueles que contribuem em determinadas religiões é uma heresia sem tamanho, visto que, a despeito do que muitos pensam, o trabalho não é castigo, pelo contrário, o trabalho é o meio pelo qual Deus dignifica o homem, torna-o produtivo e criativo. Portanto, se você sonha com uma vida melhor, então, conscientize-se de que deverá trabalhar muito, evitar gastos desnecessários, abdicar dos modismos populares e, em muitas situações, conformar-se com o fato de não ser aceito em determinados grupos, visto que você não terá o celular do momento, um carro clássico, roupas de determinadas grifes, não poderá bancar as atividades - jantares, teatro, festas - que alguns participam. Para alguns, dinheiro e prestígio vieram de berço, porém, para a grande maioria dos brasileiros que sonham com essas coisas, tudo é algo a ser conquistado. Mas é válido lembrar que, alguns sonhos, infelizmente, nem com o trabalho de toda uma vida serão realizados. Por isso, coloque o pé no chão, defina os valores da sua vida, e mãos à obra.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

terça-feira, 13 de agosto de 2013

"Aquele que anda com os sábios será cada vez mais sábio, mas o companheiro dos tolos acabará mal" (Provérbios 13:20)

Com quais tipos de pessoas você gosta de se relacionar? Esta pergunta gera algumas reflexões importantes pois, em determinadas situações, o provérbio popular se assemelha com o provérbio bíblico, ou seja: "diga com quem andas eu eu lhe direi quem tu és". Eu disse "em determinadas situações" porque há pessoas que, ainda que rodeadas de gente insensata, não se permitem influenciar, assim como há pessoas que embora estejam rodeadas de gente sábia, também, não se permitem qualquer tipo de influência. A despeito do que alguns pensam, nós não somos seres independentes dos outros. De alguma forma, ou em algumas situações da vida, sempre dependemos de alguém. Por sermos seres sociais, não dá pra vivermos isolados deste mundo, ainda que alguns tentem, o máximo que conseguem é o adoecimento emocional-relacional. Portanto, visto que este planeta possui quase 7 bilhões de habitantes e, por isso, as oportunidades de relacionamentos são muito grandes, temos de ser criteriosos acerca daqueles a quem elegemos como nossos amigos. Quando o autor de Provérbios fala acerca daquele que "anda", está apontando para aquelas pessoas que se relacionam de maneira muito próxima a alguém, ou seja, numa relação de amizade, companheirismo, cumplicidade, etc. Assim, com uma amizade tão próxima, é muito fácil sermos influenciados. É justamente por isso que o autor de Provérbios sugere que sejamos sensatos ao escolhermos o tipo de pessoas que vamos conviver através dos laços da amizade. Aqueles que elegerem amigos sábios, se tornarão cada vez mais sábios; por outro lado, aqueles que elegerem amigos insensatos, infelizmente, colherão a insensatez. E a insensatez destrói nosso senso de justiça, honestidade, honra, verdade, etc; assim, por conta da insensatez, alguns amigos se divertem espancando homossexuais, queimando mendigos nas ruas, pichando muros e patrimônios públicos, fazendo do abuso de bebida alcoólica um meio de aceitação ao grupo, enfim, produzindo diversos tipos de males contra si mesmos e contra os outros, e o pior de tudo, achando que estão "abafando" por agirem dessa maneira. Ultimamente, até mesmo em alguns programas de televisão, o humor sarcástico tem grande aceitação da massa manipulada, assim, desde o ensino fundamental, crianças cometem e são vítimas de bullying. Alguns dizem que a escola deve fazer alguma coisa para mudar essa situação, porém, particularmente, eu penso que os pais e/ou responsáveis são os que devem agir proativamente em relação a isso, ou seja, sendo criteriosos àquilo que permitem que seus filhos assistam na TV; ensinando-os os valores como respeito, honra, amor ao próximo, para que possam se relacionar bem com as pessoas, inclusive com os diferentes; ensinando-os a serem seletivos quanto àqueles que elegerão como amigos (estou falando de amigos, e não de colegas). Creio que este tipo de orientação seja imprescindível para aqueles que realmente se importam com o bem-estar e felicidade de seus filhos. Assim, e creio que somente assim, teremos uma sociedade melhor: menos violenta, menos preconceituosa e, portanto, mais relacional. Pense nisso!
Com carinho e amizade, 
Pr. André Luís Pereira

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

"Temer o Senhor é odiar o mal; odeio o orgulho e a arrogância, o mau comportamento e o falar perverso." (Provérbios 8:13)

Este provérbio nos conduz à uma séria reflexão acerca da fé. Sim, porque a sabedoria (tornada neste texto numa personagem) afirma que temer ao Senhor é, necessariamente, odiar aquilo que é mau. Digo que o provérbio é uma reflexão acerca da fé porque, diante de tantos escândalos envolvendo pessoas religiosas - líderes e membros de comunidades - fico me perguntando se é realmente a fé em Deus que algumas pessoas têm cultivado em suas vidas. Penso, assim como nos afirma o autor de provérbios, que a fé em Deus faz com que aquele que crê, a semelhança do próprio Deus, sinta repúdio pelo mal, seja a maldade falada ou demonstrada em comportamento. É claro que cada um de nós, em diversos momentos, até por sermos seres imperfeitos e limitados, cometemos alguns erros, porém, a genuína fé, quando aplicada em nossa vida, faz com que, ao longo da caminhada, e por causa dos novos valores elencados em nossa mente, priorizemos a prática do bem. Não nos tornamos perfeitos, mas nos tornamos mais propensos à sabedoria, honestidade, verdade, justiça, hombridade, e todos os demais valores éticos-relacionais propostos no Evangelho. Confessar a fé de maneira verbal, porém, nas atitudes negá-la, é, no mínimo, hipocrisia. Na verdade é um desserviço a fé genuína que algumas pessoas verdadeiramente comprometidas com Deus defendem. Fé, muito mais do que confissão verbal, é exercício prático, ou seja, o que credencia a veracidade da nossa fé é o comportamento conosco mesmo, com as pessoas e, portanto, com Deus. Abraçar a fé cristã e não entrar num processo que nos conduz ao desenvolvimento da verdade, honestidade, justiça, e todos os outros valores que já foram citados, é o mesmo que tentar tomar banho com um guarda-chuva aberto. Sim, porque o caminho natural da fé em Deus nos conduz, necessariamente, ao desenvolvimento de um bom caráter, um bom comportamento, e bons relacionamentos. Portanto, temer a Deus além de implicar no repúdio daquilo que é mau, também, implica no prazer por aquilo que é bom. Assim, por causa da fé, eu me torno um funcionário melhor; por causa da fé, eu me torno um patrão melhor; por causa da fé, eu me torno um estudante melhor; me torno um namorado, noivo, marido, melhor; me torno um amigo melhor; enfim, por causa da fé e todos os valores aos quais ela opera em mim, ao me relacionar com Deus, vou sendo tornado ao longo da caminhada da vida num ser humano integralmente melhor, sendo cada dia mais atraído por aquilo que é bom, e ficando cada dia menos interessado por aquilo que faz mal a mim e às pessoas. Este é o convite da fé: dignificar a nossa existência. Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"Com a sedução das palavras o persuadiu e o atraiu com o dulçor dos lábios. Imediatamente ele a seguiu como o boi levado ao matadouro, ou como o cervo que vai cair no laço até que uma flecha lhe atravesse o fígado, ou como o pássaro que salta para dentro do alçapão, sem saber que isso lhe custará a vida" (Provérbios 7:21-23)

Este capítulo de Provérbios trata sobre o homem e a mulher adúlteros, das relações conjugais ilícitas. O autor faz uma observação bem pormenorizada sobre como acontece o jogo da sedução que leva um homem ou uma mulher, embora comprometidos, a traírem seus cônjuges. É verdade que em tempos modernos, a traição já não é, necessariamente, física. Com o avanço tecnológico, já se fala em traição virtual. Porém, creio que antes da consumação de relações ou conversas íntimas via computador, a traição acontece, primeiramente, em nós mesmos. Geralmente, o ato sexual, o relacionamento extra-conjugal, ou os relacionamentos virtuais, são apenas resultados de um conflito interior que já não consegue ser contido e, portanto, extravasa de alguma forma: real ou virtual. O ativismo moderno, além de outros fatores, é um dos influenciadores desse tipo de experiência. Em busca de sucesso profissional ou na necessidade de suprir financeiramente o lar, maridos e esposas estão ficando da vez mais distantes uns dos outros, bem como dos filhos também. Este distanciamento, ainda que explicável, tem sua contrapartida relacional, a qual geralmente, se apresenta através do esfriamento afetivo. Assim, os casais constroem patrimônio, adquirem uma vida econômico estável, contudo, sentem dificuldade de curtirem juntos o resultado de seus esforços. Sabem muito sobre economia, plano de carreira, necessidades da casa, manutenção de automóvel, porém, pouco ou nada sabem sobre si mesmos e sobre o outro. Desta forma, quando se percebem desconhecidos, também percebem-se carentes de algo que os preencha e faça valer à pena todo esforço e investimento que fizeram ao longo da vida e, por não encontrarem no outro a correspondência da carência, ficam suscetíveis as investidas de terceiros. Envolvem-se em relações (não relacionamentos) aventureiras, que, por serem socialmente reprimidas, produzem a famosa sensação do "proibido que é mais gostoso", que eleva a adrenalina e, assim, ao mesmo tempo que reforça este tipo de relação, aumenta a culpa, os conflitos pessoais e os conflitos conjugais. Tais relações, na maioria dos casos (não é uma regra), quando assumidas publicamente, tendem a repetir ao relacionamento anterior, visto que, o que era "perigoso, por isso gostoso", torna-se comum. Em outros casos, quando o novo relacionamento é iniciado sem as demandas do relacionamento anterior, tem-se a impressão que, o relacionamento passado deixou de ser bom porque os investimentos foram mais destinados às coisas do que às pessoas (casal). Daí, então, na nova experiência relacional trata-se as coisas com mais maturidade e elenca-se como valor prioritário o relacionamento conjugal. Muitas pessoas já passaram por esse tipo de situação e tiveram algumas dessas percepções e, então, conseguiram reconstruir a vida. Outras, imaturas e, portanto, despreparadas para a vida, vivem até hoje sem condições de estabelecer qualquer vínculo relacional. E fazem isso, normalmente, por duas razões: 1) por causa da frustração com o casamento; 2) por causa de si mesmas, visto que não refletiram, tiraram suas conclusões e aprendizados; o resultado mais comum é a dificuldade de se estabelecer vínculos e, em alguns casos, o prazer em desfazer os vínculos formados, principalmente aqueles vínculos que lhes causam certa inveja. Com o evento da internet, muitas relações foram estabelecidas, visto que ficam veladas nas salas de bate-papo, somado a isto, o aumento da inafetividade e distanciamento conjugal resultam numa fórmula poderosa para desconstruir relacionamentos que foram sendo abandonados ao longo dos anos. Por isso, fique atento ao seu relacionamento. Novas oportunidades sempre aparecem, em todos os momentos, com propostas muito tentadoras ao nosso cônjuge. Nesses tempos modernos, dez, vinte, cinquenta anos de casamento não significam, necessariamente, que tudo esteja bem. Portanto, pra evitar desgastes, angústias e decepções: ao outro e a si mesmo, seja sábio, invista em seu cônjuge antes que alguém o faça.  
Com carinho e amizade,
​​
Pr. André Luís Pereira

terça-feira, 6 de agosto de 2013

"​Meu filho, se você serviu de fiador do seu próximo, se, com um aperto de mãos, empenhou-se por um estranho, e caiu na armadilha das palavras, que você mesmo disse, está prisioneiro do que falou. Então, meu filho, uma vez que você caiu nas mãos do seu próximo, vá e humilhe-se, insista, incomode o seu próximo. Não se entregue ao sono, não procure descansar.​" (Provérbios 6:1-4)

Quem é que gosta de se humilhar a quem quer que seja? Com certeza, ninguém. As situações que demandam que nos humilhemos a outra pessoa são muito constrangedoras. Há pessoas que assumem grandes prejuízos - financeiro, emocional e profissional, mas não se humilham pra ninguém. O autor de Provérbios sugere que aqueles que se dispuseram a ser fiadores de outrem, em caso de não pagamento daquilo que foi acordado, se preciso for, até se humilhe diante daquele que não cumpriu com a palavra, para que, assim, o prejuízo pessoal seja menor. Sim, porque o prejuízo, nesses casos ​é inevitável, visto que, ainda que a dívida seja paga, no mínimo, a amizade ficará estremecida. Grandes amizades e bons relacionamentos familiares já foram quebrados por conta desse tipo de acordo. Algumas pessoas dizem que a Bíblia condena aquele que se torna fiador de alguém, porém, isso não ​é verdade. A Bíblia orienta-nos a não entrarmos nesse tipo de negócio, porém, nos diz que, quando entrarmos, devemos estar cientes da responsabilidade que estamos assumindo e das consequências dessa responsabilidade. ​É por isso que o autor de Provérbios recomenda que devemos ficar humilhação àqueles a quem nos tornamos fiadores, e, se essa pessoa não estiver cumprindo com seu compromisso, para que não venhamos a pagar por uma dívida que não é nossa, devemos ser insistentes e, se necessário, nos humilharmos. Sim, porque ​é menos vergonhoso humilharmo-nos para alguém que conhecemos do que vivenciarmos a humilhação de perder algum bem por uma dívida de outra pessoa. Muitas pessoas colocam seu patrimônio e nome em risco​,​ porque não conseguem dizer "não" a amigos e parentes, porém, como aquilo que temos, em muitos casos, pertence também a nossa família, especialmente o que diz respeito a imóveis, n​ão podemos penhorar por causa de terceiros. E isto não implica em sermos egoístas, mas em sermos prudentes com aquilo que temos. Por isso, acolhamos a recomendação do autor de Provérbios caso tenhamos nos sujeitado a condição de fiador. Mas, por uma questão de prudência, evitemos ao máximo este tipo de situação,pois, todos os envolvidos podem perder, seja valor humano (relacionamentos), seja valor monetário (dinheiro/patrimônio). Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

"A sabedoria o livrará do caminho dos maus, dos homens de palavras perversas, que abandonam as veredas retas para andarem por caminhos de trevas, têm prazer em fazer o mal, exultam com a maldade dos perversos, andam por veredas tortuosas e no caminho se extraviam" (Provérbios 2:12-15)

O capítulo 2 de Provérbios fala sobre o quanto a sabedoria é preciosa à vida. O autor, por ser alguém que provou da sabedoria, aponta o quanto ela é benéfica àquele que a busca. Dentre tantos benefícios apontados, ele afirma que a sabedoria nos livra das pessoas más. Mas este livramento não é uma ação passiva da sabedoria sobre nós, pelo contrário, a sabedoria nos dá critérios para que saibamos discernir as pessoas que se aproximam de nós. Sim, o sábio tem condições de restringir e/ou aprofundar vínculos relacionais; ele tem condições de estabelecer os vínculos relacionais: amigos, colegas, conhecidos. E a cada um desses vínculos ele tem condições de estabelecer o nível de cada relacionamento. Aquele que obtém sabedoria, ao longo da vida, vai adquirindo os valores ético-relacionais e, assim, por convicções próprias, vai se tornando seletivo em seus relacionamentos. Infelizmente, muitas pessoas, por falta de sabedoria, por mais que já tenham se decepcionado com outras pessoas, ainda não aprenderam a estabelecer os níveis de afinidade, intimidade e afetividade em seus relacionamentos. Geralmente, pessoas assim, se entregam emocionalmente a qualquer um que lhes dê o mínimo de atenção, principalmente, aos mal-intencionados. Como não têm parâmetros para discernir as intenções daqueles que se aproximam, permitem, sem qualquer barreira, que as pessoas invadam sua vida e, consequentemente, sua intimidade. A partir disso, quando a exposição, traição, ou qualquer outro prejuízo acontece, desencadeiam-se grandes problemas emocionais por conta da decepção. O mais comum é que aquele que ficou decepcionado se feche para qualquer outro relacionamento, visto que decidiu não confiar mais, pois, segundo passam a definir: "ninguém presta". Contudo, com a necessidade de achar um culpado para a sua decepção, responsabiliza o outro (o que é um fato), porém, não reflete acerca de si mesmo, sobre a maneira como se expôs sem, antes, estabelecer limites ao relacionamento. Assim, a sabedoria se torna essencial em nossa vida, visto que ela nos dá condições de fazer tais reflexões acerca de nós mesmos e, também, acerca daqueles que nos cercam. Nós não nascemos com um radar que nos informa sobre quem devemos confiar. Por isso, precisamos exercitar nossa sensibilidade, a qual vai sendo aguçada a medida que vamos obtendo informações, recebendo valores, conhecendo a ética relacional-comportamental, e descobrindo um pouco mais sobre nós e as pessoas. Provérbios, por ser um livro que versa sobre a vida e as situações próprias desta, é um mapa norteador para o desenvolvimento da sabedoria. Nesse livro há compartilhamento de experiências - positivas e negativas - há conselhos de alguém que experimentou as diversas situações da vida e resolveu escrever suas impressões com a finalidade de ajudar aos seus leitores a, pelo menos, refletir sobre as muitas consequências provenientes de algumas atitudes. Portanto, sugiro que você leia este livro precioso. Se você não gosta de religião, leia-o na perspectiva do cuidado pessoal, pois, fazendo assim, você pode dar-se uma chance de equipar-se para muitas situações conflitantes e, até, evitar relacionamentos problemáticos. Pense nisso!
Com carinho e amizade,
​P​
r. André Luís Pereira

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

"Até quando vocês, inexperientes, irão contentar-se com a sua inexperiência? Vocês, zombadores, até quando terão prazer na zombaria? E vocês, tolos, até quando desprezarão o conhecimento?" (Provérbios 1:22)

Creio que estas perguntas já foram feitas por nós e, em alguns momentos da vida, para nós. Viver não é uma tarefa tão simples. Há muitas situações que contribuem para que tenhamos dificuldade de lidar com determinadas fases e situações próprias da existência. Desde que estou envolvido com aconselhamento, tenho percebido que muitos dos problemas que as pessoas têm, assim como os que eu tenho, são resultados da falta de maturidade que, por sua vez, em muitos casos, implica na falta de orientação. Sim, você já percebeu que, seja por descuido ou negligência, quase ninguém nos orienta acerca das fases da vida, acerca dos relacionamentos que nos envolvemos, e acerca da maneira como podemos lidar com as finanças? Citei esses três exemplos porque são situações nas quais temos mais dificuldades de lidar. Nossos pais ou responsáveis, por conta de compromissos pessoais e profissionais, nem sempre têm condições de atender a todas as demandas da educação dos filhos. Alguns pais, infelizmente, pensam que a educação se limita em nos oferecer acesso à escola e em nos ensinar a respeitar aos mais velhos. É obvio que essas atitudes são importantes e compõem a educação, porém, não se limita a isso. É claro que temos de levar em consideração que muitos dos nossos pais nos dão aquilo que receberam. Porém, este investimento básico, infelizmente, não nos prepara para a vida, não nos dá orientação relacional, ético-profissional, e nem de enfrentamento da vida. Portanto, cabe a cada um de nós que, neste século, está dotado de todo aparato tecnológico, buscarmos o desenvolvimento pessoal, profissional e relacional. Sim, ainda que o que recebemos na infância e adolescência não seja o investimento completo, pelo menos, já é o suficiente para que tenhamos condições de investirmos em nós mesmos. Assim, as escolas técnicas, os cursos profissionalizantes, as comunidades religiosas, os demais grupos sociais, são os ambientes nos quais, em havendo interesse e dedicação pessoal, somos orientados para a vida. Nesta era de informações amplamente acessíveis, só não adquire conhecimento quem não quer. É verdade que há pessoas que, infelizmente, vão optar pela maneira mais difícil de obter conhecimento, ou seja, através das decepções, erros, más consequências provenientes de escolhas mal feitas e, portanto, sofrimento. É claro que o aprendizado também decorre do sofrimento, porém, não apenas dele. Em havendo interesse pessoal, há muitas outras vias pelas quais podemos aprender e, assim, amadurecer. Penso que diante de todas as dificuldades, duas questões são relevantes e fundamentais: estamos dispostos a aprender? Por quais vias? Reflitamos sobre isso.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quarta-feira, 31 de julho de 2013

"Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados" (Provérbios 31:8)

Este provérbio é o conselho de uma mãe ao seu filho que é um rei, o Rei Lemuel. Esta mãe lembra ao seu filho acerca de uma das finalidades de um governo baseado na justiça: zelar pelos indefesos e desamparados. Ultimamente, por conta de interesses políticos e pessoais, os governos fazem dos desamparados um trampolim para o poder. Quando chegam aonde queriam, mantém o vínculo de dependência dos menos favorecidos e, assim, através do populismo, se estabelecem no poder. Porém, se fizermos uma análise geral do livro de Provérbios, veremos que a instrução desta mãe não está relacionada ao populismo, mas, sua instrução está relacionada a conferência da dignidade àqueles que não a tem. No livro de Provérbios, segundo a instrução do sábio, todo governo deve se estabelecer pelo exercício da justiça, da ética, do temor a Deus, e do amor ao próximo. Creio que pensar desta maneira pareça utópico, visto que esses valores estão cada vez mais distantes da maioria das mentes que se envolvem com o cenário político. A máxima: "o governo provém do povo e é para o povo", infelizmente, está longe de ser uma verdade. Até porque, muitos dos que exercem cargos públicos, nem sabem qual é a sua função. Numa reunião com centenas de funcionários públicos, um determinado prefeito pediu que levantassem uma das mãos aqueles que tinham feito curso de "gestão pública", para sua surpresa, das centenas de pessoas que estavam no auditório, menos de uma dezena se manifestou, demonstrando, assim, o despreparo e a incapacidade de o governo ter condições de defender os desamparados que, em nosso país, representam uma boa parcela da população. Imagine você que, mesmo sendo expressão democrática, há muitos políticos, ditos representantes do povo, que não têm as mínimas condições de interpretar um texto ou dirigir uma possível sindicância interna dos órgãos públicos. Se é democrático qualquer cidadão poder assumir um cargo público, também é democrático que tal pessoa tenha, no mínimo, condições de servir ao povo, muito mais do que a si mesmo. Mas, particularmente, penso que o problema de boa parte da classe política nacional esqueceu-se da sua razão de ser: representar e, portanto, cuidar dos interesses do povo. A mãe do rei Lemuel lembra-o acerca disso. Lembra-o de que a vida, quando revestida de poder, tem como finalidade canalizar a influência provinda do poder em função daqueles que estão à margem de qualquer tipo de influência. Talvez a exortação desta mãe tinha duas motivações: a) a sua maternidade, que a fazia empática às demais pessoas, especialmente os desamparados; b) os governos anteriores, próprios de Israel, que ora serviam a nação, ora a exploravam. Assim, ainda que esse conselho seja direcionado a um rei, creio que seja imprescindível que aqueles que são pais e mães, aconselhem e orientem seus filhos a não serem meros servos de si mesmos, mas que, ao longo da vida, em suas profissões e meios relacionais, se importem com aqueles que, por diversas questões, não tiveram o mesmo amparo, amor, educação. Um governo justo, primeiramente, nasce de um povo justo. 
Com carinho e amizade, 
Pr. André Luís Pereira

terça-feira, 23 de julho de 2013

"Meu filho, se o seu coração for sábio, o meu coração se alegrará. Sentirei grande alegria quando os seus lábios falarem com retidão" (Provérbios 23:15-16)

Neste capítulo do livro de Provérbios, mais uma vez, o autor, através de um recurso de linguagem, torna a sabedoria num personagem: um pai. Um pai que orienta o seu filho acerca daquilo que é bom. Aqueles que são pais, se lessem o capítulo 23 de Provérbios, se sentiriam muito a vontade, visto que as orientações e recomendações são muito paternais/maternais. Sabemos que muitos pais têm orgulho de seus filhos. Todo o esforço, dificuldade, lutas, erros e acertos, lágrimas, valem a pena quando os pais percebem que os filhos estão vivendo bem, a impressão que eu tenho é que o sentimento que envolve os pais é o sentimento de "dever bem cumprido", daí, aquilo que foi um dever se tornou em prazer. Educar é algo que demanda dedicação, insistência, compreensão, perseverança. Aqueles pais que se esforçam para preparar seus filhos para vida, por mais que tenham de punir, discutir, disciplinar, e aguentar o mau humor de seus filhos, quando o fazem por amor, geralmente, colhem como resultado a felicidade, a sabedoria e a maturidade dos filhos. Às vezes, no consultório de aconselhamento pastoral, percebo que muitos pais querem receber de seus filhos aquilo que eles nunca demonstraram ou ensinaram, ou seja, querem que os filhos sejam amorosos, porém, a criação foi desenvolvida a partir de gritos, xingamentos e grosserias; outros reclamam que seus filhos não os ouvem, contudo, em muitos casos, no processo educativo, os pais impunham seus próprios gostos, vontades e decisões, assim, quando o filho cresceu, começou a agir à sua própria maneira; e há aqueles pais que reclamam que seus filhos não dialogam em casa, porém, em muitos desses casos, os filhos não dialogam porque os pais, ainda que pais, lhes são estranhos, visto que ao longo da vida, faltou-lhes o amigo, o companheiro, o acolhedor de suas angústias, pois, por conta dos compromissos pessoais e profissionais, os pais se tornaram ausentes. O livro de Provérbios, assim como a Bíblia num contexto geral, demonstra que a vida segue a regra da lavoura, ou seja, colhemos exatamente aquilo que plantamos. Por isso, se quisermos que bons frutos sejam gerados na vida de nossos filhos, temos também que, necessariamente, plantar boas sementes. O plantio demanda muito trabalho? É certo que sim. Mas nada é mais prazeroso e compensador do que a alegria dos frutos. Pense nisso, e mãos a obra!!!
Com carinho e amizade,  
Pr. André Luís Pereira

quinta-feira, 18 de julho de 2013

"O nome do Senhor é uma torre forte; os justos correm para ela e estão seguros" (Provérbios 18:10)

Creio que em nenhuma outra época na história, viu-se tanta preocupação com a segurança. Por conta da segurança, o mercado de trabalho fez com que surgisse a profissão de "técnico de segurança do trabalho"; também, por conta da violência, estão surgindo os condomínios fechados, os quais são sinônimos de segurança. Até a cultura popular está sendo modificada visto que, antigamente, as famílias tinham preferência por casas, porém, por conta da marginalidade, e por conta da segurança da família, muitos estão dando preferência aos apartamentos.  Enfim, como podemos perceber, a segurança é uma questão de prioridade para as pessoas. E quem consegue viver bem se não se sentir seguro? Porém, o fato de sentirmo-nos seguros não está, necessariamente, relacionado à moradia, à vigilância da polícia e nem a um ambiente de trabalho cuidado por um profissional da segurança. Na verdade, a segurança é um fator diretamente ligado às emoções, de forma que uma pessoa pode morar num bairro marginalizado e, mesmo assim, sentir-se seguro; da mesma maneira que uma pessoa pode morar num condomínio fechado ou num apartamento e, apesar de toda segurança e comodidade, sentir-se insegura. E é sobre este aspecto da segurança que o autor de Provérbios está falando, ou seja, não é de uma segurança anti-violência, mas de uma segurança emocional, aquela que provém da certeza da presença, da assistência, e do acolhimento. Um tipo de segurança que está disponível a nós, independentemente do poder aquisitivo. Ainda que muitas religiões estejam demonstrando um "deus" capitalista e explorador do sofrimento humano, o Deus sobre o qual a Bíblia fala, e o autor de Provérbios aponta, é aquele que se projeta em direção ao homem com o objetivo de ser-lhe um parceiro na caminhada da vida. Sim, a proposta de Deus, declarada de maneira muito clara na pessoa, vida e obra de Jesus, é estar com homem em suas limitações, carências, angústias, dificuldade vivenciais e todas as demais fragilidades próprias da humanidade. O Deus para o qual aponta o autor de Provérbios é o Deus que está mais disponível e interessado em dar do que em receber qualquer coisa do homem. Se há algum interesse de Deus naquilo que o homem possui, este interesse está voltado à felicidade deste. Sim, o interesse de Deus é a felicidade do homem, e isso sem qualquer interesse de negociação, seja via troca ou comercialização religiosa. Deus é o Pai amoroso, gracioso que, assim como nossos pais, querem cuidar de seus filhos. A expressão do autor de Provérbios: "os justos correm para ela e estão seguros", me trouxe à memória a cena da parábola do "filho pródigo" voltando ao lar, para os braços de seu pai, depois de perceber que longe do pai não havia outro ambiente de acolhimento, paz, amor e segurança. Enquanto estamos nesta jornada da vida, por conta de todas as vicissitudes que lhes são próprias, carecemos de direção, orientação e acolhimento, por isso, segundo a experiência e apontamento do autor de Provérbios, creio que possamos nos achegar a Deus e nos aconchegarmos em seu peito e, assim, mesmo quando estivermos nos sentindo sozinhos, a sua presença espiritual nos trará consolo, pacificação, acolhimento e segurança.
Com carinho e amizade, 
Pr. André Luís Pereira

terça-feira, 16 de julho de 2013

“As palavras agradáveis são como um favo de mel, são doces para a alma e trazem cura para os ossos” (Provérbios 16:24)

Quem nunca teve o privilégio de conviver com alguém que tem a capacidade de transmitir paz até quando está passando por dificuldades? Acredito que, pelo menos uma vez na vida, tenhamos a oportunidade de nos relacionarmos com este tipo de pessoa. Tem gente que adquiriu tanta sabedoria nesta vida que aprendeu a viver bem independentemente das circunstâncias. Geralmente, pessoas assim, têm muita facilidade de compartilhar experiências, em demonstrar cuidado àqueles que estão ao redor delas. E como é bom ouvir uma palavra bem colocada, na hora certa, com o tom de voz correto. Como é faz bem um conselho ou orientação que nos conduz à melhor atitude ou à melhor decisão. Como é bom conviver com pessoas que se importam conosco e que podemos confiar. É maravilhoso compartilhar a vida com gente que quer o nosso bem e, por isso, não tem medo e nem é egoísta ao ponto de nos esconder o “mapa da mina”. Por outro lado, há pessoas que, mesmo quando demonstram boa intenção, por não terem sabedoria, não sabem conversar, não têm condições de aconselhar e nem orientar a quem quer que seja. Às vezes, esse tipo de pessoa tem muito conhecimento, porém, quase nenhuma sabedoria. Assim, ao se relacionar com o outro, impõe-lhe o seu jeito de ser, de fazer e decidir. Não conseguem respeitar o outro, quando este discorda de suas opiniões ou conselhos. Assim, aquilo que poderia ser um tempo de auxílio mútuo, torna-se numa situação angustiante para ambos. Porém, aquele que é sábio, tem como característica, além de ouvir, perceber ou captar a angústia do outro, fazendo com que sua sabedoria seja assertiva quanto a orientação ou aconselhamento. Pessoas que ouvem, que percebem, geralmente, quando falam, quando orientam, oferecem cura e bem-estar àqueles que as procuram. O autor de Provérbios diz que pessoas que são sábias, quando falam, tornam agradável a vida daqueles que a ouvem. É uma pena que estamos tão acostumados a procurar por pessoas assim, e que já não nos ocupamos mais em ser pessoas assim, ou seja, pessoas que ouvem os outros, que refletem acerca da vida, que percebem as angústias por detrás de cada fala. Estamos nos acostumando a apenas receber, porém, desacostumando-nos a dar e a nos oferecer. Com isso, deixamos de provar um princípio bíblico: “bem melhor é dar do que receber”. Entretanto, enquanto estamos no caminho da vida, temos a oportunidade de mudar alguns valores pessoais e, assim, provar de novas experiências tais como esta sobre a qual falamos hoje. Pense nisso!

Com carinho e amizade.  
Pr. André Luís Pereira

segunda-feira, 15 de julho de 2013

"O Senhor detesta o sacrifício dos ímpios, mas a oração do justo o agrada" (Provérbios 15:8)

Neste universo religioso no qual vivemos, principalmente aqui no Brasil, o ato de sacrificar alguma coisa que o fiel possui se tornou demonstração de uma fé autêntica ou um meio de negociar com Deus. Em algumas "concentrações de fé e milagres", nada sai de graça, tudo tem um preço, seja ele financeiro, patrimonial e, até, pessoal. As pessoas estão sendo educadas a se relacionar com um "deus capitalista", o qual, desde quando estudo a Bíblia, nunca o encontrei nas Escrituras. Na verdade, até encontrei, porém, este "deus capitalista" era um produto de algumas religiões ou, então, produto de determinados líderes religiosos que diziam servir ao "Deus Criador", porém, na prática, serviam a si próprios. Mas quando falamos do Deus da Bíblia, revelado em sua páginas no Antigo e Novo Testamentos, fica claro que Ele não requer sacrifícios para abençoar a quem quer que seja. Na verdade, no Antigo Testamento, os sacrifícios eram rituais para expiação dos pecados do povo, e todos estes sacrifícios preanunciavam o sacrifício perfeito e definitivo que o próprio Deus faria acerca de si mesmo: o Cristo. No Novo Testamento, quando Deus se encarna na pessoa do Cristo, além de anunciar a redenção pela fé, demonstra toda sua indignação com os sacrifícios oferecidos no templo. Sim, sua indignação se dá porque muito aquilo que era feito no templo tinha como motivação a exploração espiritual, emocional e financeira dos fiéis. Por isso, num certo dia, Jesus entra no templo e, irado, joga as mesas dos mercadores no chão e os expulsam para fora. Assim, Jesus passa a anunciar aos seus ouvintes que os sacrifícios já não tinham mais sentido em si mesmos, visto que os homens já não entendiam mais o seu significado e, por isso, estavam, na verdade, barganhando com Deus através deles. Então, em sua mensagem, Jesus aponta para o sacrifício perfeito, ou seja, o sacrifício de si mesmo. Assim, no tempo propício, Jesus entrega a sua vida na cruz como o único, último e suficiente sacrifício a Deus em favor dos homens, liberando-os da entrega ou troca do que quer que fosse para que pudessem ser perdoados de seus pecados ou serem abençoados por Deus. Na cruz, quando Jesus dá o brado da consumação: "Está consumado!", além de cumprir toda a Lei de Deus em nosso lugar, Ele também nos liberta de todos os ritos e rituais da Lei. À partir da cruz, e lá repousa o sentido da fé, nenhum homem precisa de quem quer que seja para se achegar a Deus. A cruz põe fim no trabalho intercessor do sacerdote, o qual oferecia os sacrifícios dos pecadores para que estes fossem perdoados, assim, a partir da cruz, cada homem e mulher se tornam sacerdotes de si mesmos, podem, então, confessar os seus pecados, expor o sofrimento da alma, mostrar suas limitações e dificuldades de mudanças diretamente para Deus, sem qualquer necessidade de campanhas, novenas, oferendas ou qualquer outro tipo de "sacrifício". A cruz inutiliza as penitências, visto que Cristo foi penitenciado em nosso lugar e de maneira definitiva. A cruz tira o sentido das peregrinações: à cavalo, à pé, de carro, de joelhos, ou seja lá como for, visto que Jesus, através da sua morte, reconectou-nos ao Pai, ligando-o diretamente a nós. A cruz nos diz que Ele já não está na Igreja tal, nem com o líder religioso fulano de tal. A cruz diz que Jesus está EM nós, assim, Jesus está aonde quer que viermos estar: no nosso lar, na nossa comunidade religiosa, e num "happy hour" celebrando com os amigos. E, por causa da cruz, Deus, então, ouve as nossas orações e sem a necessidade da intervenção de quem quer que seja. E Deus nos ouve não porque tenhamos mais fé ou menos fé do que determinada pessoa, Deus nos ouve por causa da Cruz, por causa do Cristo que, através do sacrifício definitivo de si mesmo, abriu também, definitivamente, o canal de comunicação e relacionamento com o Pai. Assim, sem a necessidade de qualquer sacrifício ou intercessor, Ele nos ouve aonde quer que estejamos. Ele nos ouve quando estamos firmes na caminhada da fé, e nos ouve quando estamos desanimados de tal caminhada, e, até quando estamos incrédulos de que Ele realmente possa nos ajudar. Por isso, exercite o seu relacionamento com Deus. Ele está próximo, aliás, em você, portanto, curta essa íntima amizade.
Com carinho e fé,
Pr. André Luís Pereira

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Proverbios 12:26 - O homem honesto é cauteloso em suas amizades, mas o caminho dos ímpios os leva a perder-se.

Escolher uma pessoa para se tornar nosso amigo e' algo muito serio. Eu digo isso porque a exposicao da nossa vida nao pode ser feita para quaquer pessoa. Ha pessoas que denominam como amigo qualquer pessoa que lhe seja simpatica, porem, simpatia nao e', necessariamente, sinonimo de confianca. Algumas pessoas se aproximam de nos, ainda que com muita simpatia, apenas por interesse pessoal ou profissional. Nem sempre a pessoa que se apresenta de forma interessada e' alguem com mas intencoes, as relacoes estabelecidas por conveniencias tambem São necessarias, porem, nao podemos misturar esse tipo de relacionamento com amor ou amizade. O Cantor e compositor Milton Nascimento disse que "amigo e' coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coracao", e isto e' verdade, visto que o amigo e' aquela pessoa que recebe as chaves da nossa intimidade. Ha situacoes, preocupacoes, segredos e angustias que nao compartilharemos nem com nossos pais, irmaos ou conjuges, apenas para nosso amigo. Por isso, conforme diz o autor de Proverbios, temos de ser cautelosos na escolha de nossas amizades. Se nao tivermos cautela, podemos expor a nossa vida a morte emocional, sim, porque quando algo pessoal e sigiloso extravaza para alem da nossa intimidade, dependendo do que e' exposto, a vergonha ou frustracao podem roubar a alegria da vida. Algumas pessoas entram em depressao muito mais por saber que foram traidas por seus amigosdo que pro aquilo que foi exposto. E, geralmente, quando tal decepcao acontece aquele que e' traido dificilmente confiara novamente em alguem. E viver sem ter um amigo talvez seja a maneira mais cruel de existir. Porem, segundo pontua o autor de Proverbios, nossas amizades são escolhas que devem ser feitas com cautela para que nao nos tornemos vitimas de nossas proprias escolhas. Portanto, assim como voce e' cauteloso com quem entra na sua casa, seja ainda mais cauteloso com quem voce deixa entrar na sua vida.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira


Obs.: texto escrito a partir de um tablet, por isso a ausencia de algumas acentuacoes.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

"O homem que não tem juízo ridiculariza o seu próximo, mas o que tem entendimento refreia a língua" (Provérbios 11:12)

Há pessoas que ficam horrorizadas quando ouvem notícias de filhos que mataram seus pais ou vice-versa. Outras não conseguem conceber que alguém possar tirar a vida, até, de um desconhecido. Há aquelas que não têm coragem de matar uma formiga, até aquelas mais incômodas. Porém, muitas dessas mesmas pessoas, sem qualquer peso na consciência, causam a morte de muita gente através de palavras ofensivas. Isso mesmo, algumas palavras, ainda que não matem fisicamente uma pessoa, produzem um efeito de destruição em massa; destroem a esperança, a autoestima, a motivação, o amor próprio, enfim, tornam as pessoas em mortos vivos. Em algumas situações, dependendo da intenção e gravidade daquilo que foi dito, os efeitos são muito mais prejudiciais do que a morte. Sim, porque a morte é algo pontual, ou seja, a pessoa morre e todas as consciências e dores também se vão, porém, aqueles que são vítimas das palavras maldosas de alguém, se não forem acompanhadas por um psicólogo, podem sofrer pelo resto da vida, em alguns casos, dependendo da profundidade da ofensa, podem até desistir da vida. Veja só, que perigo. Nós, a partir da falta de juízo e maturidade, podemos nos tornar assassinos emocionais e, particularmente, penso que este tipo de crime é um das piores espécies. Creio que por conta disso, o autor de Provérbios diz que a sabedoria se demonstra no controle da língua, ou seja, no pensar antes de falar; na reflexão sobre se realmente vale a pena dizer determinadas coisas às pessoas. Há um provérbio que diz: "o falar é prata, mas o silêncio é ouro", e, na prática, isso é verdade. Os sabedoria é conquistada pelo ouvir, perceber, observar, relacionar; ela também é demonstrada muito mais pelo comportamento do que pela fala. Ás vezes percebo que determinadas pessoas querem se mostrar sábias através do muito falar e falar sobre tudo, porém, uma pessoa de quem gosto muito certa vez disse o seguinte: "quem fala demais dá bom dia a cavalo", e percebi que isso é verdade. A verbalização do nosso conhecimento é importante enquanto nossa intenção é nobre, ou seja, enquanto temos como objetivo ajudar alguém, porém, quando o nosso falar tem a finalidade de impressionar ou oprimir as pessoas ou, até, expor nossa "sabedoria", então, caímos na tolice da insensatez. Portanto, segundo o autor de Provérbios, se quisermos realmente demonstrar sabedoria, maturidade e experiência, saibamos dominar a nossa língua.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quarta-feira, 10 de julho de 2013

"O ódio provoca dissensão, mas o amor cobre todos os pecados" (Provérbios 10:12)

Em algum momento da  vida todas as pessoas já sentiram ódio, seja de alguém, de uma instituição ou de uma situação. O ódio é, assim como os demais sentimentos, algo comum ao nosso dia-a-dia. Particularmente, acredito que há dois tipos de ódio: o ódio que é passageiro e o ódio que é permanente. O primeiro, geralmente, é o tipo de ódio que as pessoas mais sentem e, num certo sentido, podemos até dizer que é um ódio natural. O segundo tipo de ódio talvez seja o mais preocupante, visto que se estende, às vezes, ao longo de uma vida toda, gerando, assim, algumas enfermidades e inconveniências emocionais. Há pessoas que optam em cultivar o ódio, tornando-o permanente em suas vidas e, assim, perdem a alegria da vida. Geralmente, quando cultivado, o ódio nos aprisiona emocionalmente, visto que nos bloqueia de sermos tocados pelo amor e, consequentemente, o perdão; também nos bloqueia geograficamente, visto que, dependendo do caso, deixamos de estar nos lugares aonde os nossos desafetos estão; e, ainda, nos bloqueia no desenvolvimento da nossa maturidade, visto que, por causa desse sentimento, regredimos à infantilidade. Quando cultivamos o ódio em nosso coração, envolvemos até quem não tem nada a ver com a nossa decisão de odiar, ou seja, quando odiamos alguém, geralmente, constrangemos as pessoas as quais amamos caso elas se relacionem com aquela pessoa a qual odiamos. Num certo sentido, impomos sobre nossos amigos e parentes o ódio que cultivamos contra determinada pessoa. Assim, na ótica do ódio, se eu odeio, todos os meus amigos e parentes devem, também, odiar, demonstrando, então, que realmente são meus amigos. Assim, o ódio nos torna mesquinhos, imaturos e insensatos. Por outro lado, segundo o autor de Provérbios, há o amor que, diferentemente do ódio, nos liberta (em todos os aspectos), nos abre para o outro e para a vida. O amor nos ensina que o ódio, por mais que nos dê uma sensação de vingança, não nos leva a lugar algum, pelo contrário, nos aprisiona de todas as formas. Assim, o amor é o convite que Deus nos faz para que vivamos, conforme disse Jesus: "verdadeiramente livres". O amor nos liberta das cadeias emocionais; nos liberta da autocomiseração; nos liberta do adoecedor desejo de vingança; nos liberta do desconforto relacional gerado pelo ódio; enfim, nos liberta de nos tornarmos ranzinzas, depressivos e pobres de espírito. O amor nos conduz ao perdão, visto que o perdão é, em si, amor. E perdoar não significa em esquecer a mágoa e nem libertar o outro da culpa; perdoar implica, essencialmente, em nos libertar do ódio e nos libertar para a paz em nós mesmos. Durante todo o dia somos expostos a situações em que podemos tomar duas direções: o ódio e o amor. Cada uma dessas escolhas determinará como o nosso dia ou a nossa vida se desenvolverá, portanto, seja prudente, pois, são as pequenas decisões vão nos orientar a nossa vida e, assim, nos influenciar quando tivermos de tomar as decisões mais importantes.
Com carinho e amizade,  
Pr. André Luís Pereira

sexta-feira, 5 de julho de 2013

"Agora, então, meu filho, ouça-me; não se desvie das minhas palavras" (Provérbios 5:7)

A sabedoria nos convida a ouví-la. Este é um convite que, em Provérbios, é muito repetido. A intenção do autor é esta mesmo: repetir para que seus leitores não se esqueçam. Mas todos nós nos esquecemos disso, não é verdade? E nos esquecemos justamente porque não gostamos de ouvir, principalmente, em situações em que somos repreendidos ou aconselhados a fazer aquilo que não nos sentimos confortáveis. Temos muito mais facilidade em verbalizar do que em ouvir. Porém, quando não ouvimos, também não aprendemos a falar, aí, o que verbalizamos, geralmente, passa longe da sabedoria. E tal insensatez é atribuído à regra natural da vida: é muito difícil oferecer aquilo que não recebemos, ou seja, quem não ouve a sabedoria não pode falar com sabedoria. Hoje, por conta da internet, todo mundo pode se expressar através de redes sociais, blog, sites pessoais, enfim, há uma gama de oportunidades para que possamos verbalizar nossa opinião. E, particularmente, penso que tudo isso é rico e importante, contudo, não podemos nos esquecer que tudo aquilo que verbalizamos, assim como acontece com o nosso comportamento, temos de assumir a responsabilidade e as consequências dessa exposição. Por isso, se faz necessário que, antes de falar, saibamos, primeiramente, ouvir. O autor de Provérbios nos convida a ouvir os sábios, as pessoas honestas, aqueles que nos amam, e os mais amadurecidos na caminhada da vida. Ele faz essa recomendação justamente para que tenhamos condições de nos comunicar com qualidade e produtividade para o outro. Na escola, faculdade, concílios da Igreja na qual sou pastor, nos cursos de especialização que já fiz, enfim, nos diversos círculos sociais, há pessoas que falam apenas por necessidade de serem ouvidas, porém, quase nenhuma de suas palavras são aproveitadas, visto que, na maioria dos casos, não há prévia reflexão acerca daquilo que é exposto, ocasionando, assim, na inutilidade daquilo que foi dito e, consequentemente, no constrangimento daquele que falou. Por isso, para que o seu falar seja agradável e proveitoso, exercite a prática do ouvir aquilo que é bom e que vem de pessoas de bem, fazendo isso, com certeza, sua presença será sempre agradável e edificante.
Com carinho e amizade, 
Pr. André Luís Pereira

quinta-feira, 4 de julho de 2013

"Meu filho, escute o que lhe digo; preste atenção às minhas palavras. Nunca as perca de vista; guarde-as no fundo do coração, pois são vida para quem as encontra e saúde para todo o seu ser." (Provérbios 4:20-22)

Quem já não ouviu esta frase dita por seus pais ou, então, por uma pessoa querida? Porém, neste provérbio, o autor da frase é a própria sabedoria, transformada pelo escritor de Provérbios numa figura de linguagem que se coloca como um pai, orientando seu filho. Quando li esta frase, minha memória fez um retrospecto histórico e me conduziu à infância e adolescência. Fui levado ao passado de uma maneira tão profunda que tive a impressão de ouvir o meu pai dizendo essas palavras. Lembrei dos conselhos que ouvi e coloquei em prática; lembrei-me daqueles conselhos que ouvi, ignorei e, por causa disso, me arrependi, visto que me dei muito mal; lembrei-me, também, dos conselhos que não ouvi, mas pude vê-los através do comportamento dos meus pais, e então aprendi. Há um ditado popular que diz que "se conselho fosse bom não seria dado, mas, sim, vendido", mas na minha experiência, muitos dos conselhos que recebi foram muito importantes. É verdade que os conselhos mais importantes vieram daqueles que realmente se importavam comigo; os conselhos menos significativos, muitos dos quais foi muito proveitoso eu tê-los ignorado, vieram de pessoas que preferiam não me confrontar, visto que achavam que amizade implica em não-confrontação. Cinco pessoas foram muito influentes na minha formação: pai, mãe, Flávio, Ivo (dois amigos) e o Rev. Márcio (meu pastor na adolescência). Essas pessoas sempre me aconselharam, apontando os caminhos e valores sob os quais eu deveria andar: meus pais me ensinaram os passos da honestidade; o Flávio me ensinou os passos da lealdade e cumplicidade; o Ivo me ensinou o caminho da camaradagem e profissionalismo; e o Rev. Márcio me ajudou a trilhar no caminho da fé. Nessas pessoas eu pude confiar plenamente, pois, tinham a capacidade de me ensinar através dos elogios, incentivos e exortações; foram pessoas que, até quando eu os decepcionei, continuaram acreditando em mim, e tal crédito foi demonstrado enquanto investiam tempo, reflexões e reorientações na minha caminhada. E como foi bom tê-los por perto. Como foi bom ouví-los. É verdade que, em muitas situações, eu os ouvi por educação e os atendi por obrigação, mas, hoje agradeço a Deus pela educação e senso de obrigação, porque ouví-los e atender a sabedoria de cada um me tornou numa pessoa melhor. Ainda que o autor de Provérbios use uma figura de linguagem para dar voz à sabedoria, eu posso dizer que ela esteve encarnada em minha vida através dessas cinco pessoas. Houveram outras, porém, estas cinco pessoas foram colocadas por Deus em minha vida nas fases mais importantes do meu desenvolvimento pessoal. A sabedoria continua falando ainda hoje, pra mim através dessas pessoas, mas pra você, quem sabe ela esteja falando através de pessoas às quais você nem tem dado tanto valor. Os grandes equívocos da minha vida aconteceram quando eu me senti auto-suficiente. Porém, os grandes acertos aconteceram quando eu me percebi submisso àqueles que realmente se importam comigo. Ouça a sabedoria, ouça quem lhe quer bem. Pense nisso!
Com carinho e amizade, 
Pr. André Luís Pereira

quarta-feira, 3 de julho de 2013

"Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, assim como o pai faz ao filho de quem deseja o bem" (Provérbios 3:11-12)

"Deus é Pai!" Esta frase é comumente dita por algumas pessoas, principalmente, quando o momento em que estão vivendo está envolvido por diversas complicações próprias da vida. E, de fato, elas têm razão, Deus é pai. Porém, como todo pai que ama seus filhos, Ele é o pai que, também, disciplina. Entretanto, diferentemente de muitos pais, Deus não castiga seus filhos no sentido de puní-los pelos seus pecados ou ações pecaminosas. Penso que o que Ele faz é deixar-nos provar das consequências de nossas atitudes e/ou decisões, diferentemente de outros pais que, a partir de um sentimento de pena, livram seus filhos das consequências daquilo que fazem, prejudicando, assim, o exercício natural da disciplina. A disciplina divina demonstra-se como correção, ajustamento e recondução do filho ao caminho do Evangelho e, consequentemente, da ética. Tal disciplina não visa fazer com que o filho seja punido, mas, além disso, que seja orientado. O castigo, a punição, foram lançados sobre Jesus Cristo, na cruz do Calvário. Toda a punição pelos nossos pecados - sejam do passado, presente e futuro - foi lançada sobre Jesus. De forma que hoje, nos alegramos na obra de Jesus por nós que, como Filho e representante dos demais filhos, assumiu a culpa dos pecados de todos. É justamente por isso que Deus não nos castiga, apenas nos disciplina e repreende. Por isso é anticristão dizer que "a doença do fulano só pode ser um castigo de Deus"; "isto aconteceu com você porque Deus está te castigando"; "filho, papai do céu castiga criança que faz/fala isto". Não! Deus não nos castiga, porém, nos disciplina. E a sua disciplina é um exercício do seu amor. Todo pai e mãe que amam seus filhos entendem muito bem isto. O Senhor quer o nosso bem. Ele nos conhece ao ponto de sondar nossas intenções em tudo aquilo que fazemos, por isso, quando erramos, mesmo que peçamos perdão daquilo que fizemos, Ele nos perdoa, porém não retira de nós as consequências dos nossos erros, visto que é assumindo tais consequências que passamos a aprender sobre como nossas ações desencadeiam reações. Creio que esta ação paterna de Deus é pedagógica para todos os papais e mamães, portanto, reflitamos acerca da maneira como exercitamos a disciplina em nosso lar. 
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

terça-feira, 2 de julho de 2013

"A mulher imoral se dirige para a morte, que é a sua casa, e os seus caminhos levam às sombras" (Provérbios 2:18)

A imoralidade sempre se apresenta através da beleza, sensualidade e palavriado obsceno. Nas sombras do inconsciente humano há mundo de fantasias e desejos que ora se manifesta acobertado por comportamentos com segundas intenções, ora se resguardam na imaginação. Todo ser humano é assim. Freud foi muito sábio ao perceber, analisar e discorrer sobre o nosso inconsciente. Mas, apesar de todas essas sombras do inconsciente, algumas de nossas fantasias e desejos não podem ser satisfeitos. Tanto é assim que o nosso sistema emocional, através do superego, nos ajuda a conter os impulsos de algumas dessas fantasias. Quando o autor de Provérbios fala da mulher(homem) imoral, está apontando como imoralidade a relação sexual ilícita, ou seja,  ele está falando daquela pessoa que, dentro de um relacionamento conjugal, aventura-se em outros relacionamentos. A impressão que temos é o autor de Provérbios, antes de censurar tal pessoal imoral, censura aqueles(as) que a procuram. Sim, porque é praticamente impossível censurar alguém que opta por este tipo de comportamento, porém, ainda que a nossa consciência do que é ético não possa ser imposta sobre quem quer que seja, podemos, a semelhança do autor de Provérbios, orientar as pessoas sobre os perigos de certos relacionamentos. É verdade que hoje em dia a sensualidade, desprovida de qualquer pudor, tornou-se banal e perdeu o seu encanto enquanto artifício de um relacionamento saudável, contudo, ainda que o sentido melhor esteja se perdendo, as consequências desastrosas são inevitáveis. Este tipo de relação é uma faca com dois gumes, ou seja, fere os dois envolvidos: a) os que se oferecem como objeto de desfrute e realização das fantasias e desejos do outro, visto que se tornam utilitários e descartáveis; b) os que se aproveitam daqueles que se oferecem, tratando-os com indignidade e desrespeitando, na maioria dos casos, os terceiros que, indiretamente, são afetados: namorados, noivos, cônjuges. Seja quem for que estiver envolvido neste tipo de relação acarretará para si sérios problemas emocionais, como por exemplo, baixa-autoestima, frustração e decepção. A autor de Provérbios já aponta tais decepções quando afirma que tanto a mulher (homem) imoral, quanto aqueles que com ela/ele se envolvem, caminham para a morte: moral, ética, física e espiritual. Por isso, muito cuidado ao alimentar e dar vazão àquilo que está em seu coração. Caso sua luta esteja maior do que suas forças, procure um terapeuta.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

segunda-feira, 1 de julho de 2013

"Tal é o caminho de todos os gananciosos; quem assim procede a si mesmo se destrói" (Provérbios 1:19)

O contexto deste provérbio está apontando o caminho daqueles que vivem com a finalidade de fazer o mal às pessoas; daqueles que se deliciam com o sofrimento alheio. Assim, este provérbio aponta para o resultado que os que maquinam o mal receberão em suas vidas, ou seja, a própria destruição. Talvez sejamos até tentados a pensar que, neste país corrupto, são pouquíssimos os assassinos ou ladrões que recebem a punição merecida. Particularmente, penso que isso é verdade. Porém, a punição às maldades humanas, nem sempre, se limitam a prisão ou pena de morte, há, também, aquela punição da consciência de si mesmo. É verdade que há algumas pessoas que, pelo que fazem e dizem, parecem não ter qualquer consciência de si mesmas, porém, isso não é verdade. A não ser que a maldade seja fruto de um distúrbio emocional, aquele que a pratica tem consciência do mal que está em si mesmo; tem consciência de que suas atitudes são um fardo sobre si mesmo. Um fardo que o afasta da possibilidade de ter uma vida melhor, de ter boas amizades, bons relacionamentos, uma boa imagem para si mesmo e para a sociedade, e, consequentemente, a rejeição por parte daqueles aos quais gostaria de ser aceito. É certo que alguns vão dizer que é impossível que aqueles que cometem grandes atrocidades tenham consciência do que estão fazendo, mas, infelizmente, por mais difícil que nos seja encarar a realidade de que um ser humano possa cometer grandes desgraças em nome de nada,  não há como fugirmos de tal, triste, constatação. E por mais que essa pessoa fique impune ante a Lei, visto que esta possui muitas brechas, o fim dessa pessoa é a destruição de si mesma, com as próprias mãos. O que resta da vida para alguém que cometeu um ou mais assassinatos? O que há de bom na vida para aqueles que foram desmascarados ante a prática da corrupção? Enfim, o que mais uma pessoa que opta pelo caminho da maldade pode esperar da vida? Nada! Realmente, nada! Eu imagino que chegar num determinado momento da vida e percebermos que alguém destruiu nossas esperanças deva ser algo terrível, porém, muito mais terrível do que isso, é chegarmos a conclusão de que nós mesmos destruímos nossa esperança, nosso futuro e todas as possibilidades de uma vida significativa nesta terra. Por isso, reflitamos sobre nós mesmos. Pensemos sobre o quanto nossas lutas, decepções e frustrações, são frutos da maldade alheia, ou, então, são resultados de nossas próprias decisões; pois, a despeito de tanta crueldade sendo praticada neste mundo, a maior delas é aquela que praticamos contra nós mesmos. Pensemos nisso!!!
Com carinho e amizade, 
Pr. André Luís Pereira

sexta-feira, 21 de junho de 2013

"Quem segue a justiça e a lealdade encontra vida, justiça e honra" (Provérbios 21:21)

Quem anda no bom caminho, viverá com mais qualidade de vida. Quem planta boas sementes ao longo da vida, colhe bons frutos em todos os períodos. De fato, a vida tem mostrado que recebemos o que damos, colhemos o que plantamos. Acho uma grande injustiça quando as pessoas optam por aquilo que não é certo e quando recebem as consequências das suas opções, reclamam dos outros, da vida e, de quebra, culpam alguém. Sim, porque nessa lógica autocomiserativa, ninguém é responsável por nada que seja frustrante, as pessoas, geralmente, reconhecem o que é positivo, as coisas que dão certo, porém, tudo que deu errado, geralmente, é o outro que recebe a culpa. Alguns creditam sua infelicidade ao cônjuge ou aos pais; outros creditam sua depressão ao trabalho ou à família; há aqueles que creditam seu mau desempenho profissional ao patrão ou encarregado; enfim, sempre há um culpado por aquilo que não está dando certo em nossa vida, dificilmente assumimos que nossas escolhas desembocaram na maioria de nossas frustrações. Porém, o autor de Provérbios nos lembra que a satisfação está no trilhar por um caminho ético, honesto, justo. É verdade que este caminho nem sempre nos proverá de sucesso, visto que muito dos "sucessos" que muitas pessoas buscam, de maneira alguma, provém da justiça e do exercício da ética relacional e/ou profissional. Mas o provérbio de hoje fala sobre vida, justiça e honra. Fala de valores aos quais aqueles que os entendem como recompensas ou como objetivos de vida, devem trilhar pelas vias da justiça e lealdade. Contudo, neste mundo tão corporativista e estético, quem abre mão destas filosofias para viver uma vida íntegra? Quem, realmente, está disposto à, em algumas situações, perder para que o outro ganhe? Quem está disposto à, diante de um erro próprio, assumir a culpa e aceitar os prejuízos? Creio que somente agem assim, aqueles que, por trilharem pelo caminho da justiça e lealdade, transcenderam aquilo que a nossa filosofia de vida materialista impôs como qualidade de vida e valores. Por quais caminhos estamos trilhando? Pra onde estamos sendo levados? Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quinta-feira, 20 de junho de 2013

"O homem justo leva uma vida íntegra; como são felizes os seus filhos!" (Provérbios 20:7)

Como é bom ter uma pai honesto, íntegro, possuidor de valores tão caros nesses dias nos quais vivemos. Falo isso baseado em experiência própria. Meu pai não construiu nenhum patrimônio econômico para que eu e minha irmã pudéssemos desfrutar, entretanto, o seu legado de honestidade, justiça, verdade, são os maiores bens que ele está nos deixando. Como é bom não ter de se envergonhar daqueles que nos deram a vida. Como é bom olhar para trás e ter somente lembranças que dão orgulho de sermos filhos de quem somos. A história do meu pai é uma história simples, sem muitas novidades e nem com situações tão diferentes das demais pessoas. Ele teve uma infância humilde, trabalhou honestamente ao longo da vida, casou-se, é pai de dois filhos (eu e minha irmã), e aposentou-se recentemente. Continua trabalhando, e trabalha não por uma questão de necessidade de complementação de renda, pois sua aposentadoria é suficiente para que ele e minha mãe vivam bem, porém, acredito que seu esforço em trabalhar está muito relacionado àquilo que ele me ensinou ao longo da vida: "o trabalho dignifica o homem". Às vezes fico pensando como deve ser a vida daqueles filhos os quais seus pais lhes deixaram um legado vergonhoso, baseado em escândalos, falcatruas, mentiras, e tantas outras situações vergonhosas; deve ser algo muito constrangedor ser identificado como "o filho do fulano que meteu a mão no dinheiro da empresa que trabalhava". Graças a Deus eu em alguns momentos da minha vida eu fui privilegiado com o seguinte comentário: "o fulano é seu pai? Puxa, que cara gente boa é seu pai, que homem honesto, companheiro, um amigo de todas as horas"; e como foi maravilhoso ser identificado como filho de alguém assim, espero que eu proporcione o mesmo orgulho aos meus filhos. É claro que em tempos como o nosso, ser alguém honesto é um preço muito alto a pagar, visto que ninguém quer sair no prejuízo seja qual for a situação, muitos querem se dar bem às custas de qualquer coisa, até da desonestidade. Mas, graças a Deus que eu fui presenteado com um pai (e mãe) que decidiram pagar o preço de ser ético. Hoje, eu e minha irmã, não temos um patrimônio econômico ao qual iremos herdar, mas, o patrimônio que nossos pais deixaram e que ninguém nunca poderá nos tirar, este já herdamos ao longo da vida, ou seja, os valores éticos, morais, relacionais e espirituais. Herdamos e já estamos transmitindo em todos os nossos relacionamentos, inclusive à nossa família. Obrigado Senhor, por ter me presentado com pais tão valorosos!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quarta-feira, 19 de junho de 2013

"Não é bom...ser precipitado e perder o caminho" (Provérbios 19:2)

Nesses dias em que tudo é imediato, fica difícil não ser precipitado. Entretanto, essa dificuldade, ainda que muitas vezes incontrolável, causa muito prejuízo às pessoas. Agir precipitadamente faz com que o curso natural de determinadas situações seja alterado. Há situações que demandam tempo para que sejam resolvidas ou estabelecidas. Diz o ditado popular que "o tempo é o melhor remédio", e, em determinadas situações, é verdade. Porém, em alguns momentos da vida, precisamos de tempo para que haja real reflexão acerca das decisões que vamos tomar; precisamos de tempo para repensarmos nossas posturas; precisamos de tempo para reavaliarmos os relacionamentos; enfim, em situações que demandam tempo, a precipitação pode mudar negativamente o rumo da nossa vida. Essa filosofia de vida fast-food está facilitando nossa vida ao mesmo tempo em que, também, está contribuindo com o estabelecimento de males como, por exemplo, a ansiedade. É claro que a praticidade é essencial para nós que vivemos neste tempo de multifuncionalidades, porém, não podemos, de maneira alguma, aplicar a praticidade funcional às complexidades de nossas decisões, relacionamentos, e da própria existência. Quando isso acontece, adoecemos física, emocional e espiritualmente. Temos de ter em mente que a nossa existência é uma construção diária que demanda de nós um olhar panorâmico e não pontual, ou seja, um olhar limitado apenas ao momento ou à determinada situação. Muitas das decisões que tomamos agora, trarão resultados imediatos e, também, resultados a médio e longo prazo; por isso a necessidade de evitarmos a precipitação em tudo o que fazemos. Tudo, necessariamente, tudo, deve ser refletido, pois, afinal de contas, colheremos os frutos das sementes que lançarmos nesta vida. Portanto, a despeito de toda a filosofia imediatista do nosso tempo, quando o assunto a ser tratado for a nossa vida, tenha calma, paciência, reflita com tranquilidade e, quando estiver em paz consigo mesmo, faça o que você tem de fazer. Assim, mesmo que você não tome a melhor decisão, terá a consciência tranquila de que muitas possibilidades foram percebidas e, num ato consciente, você decidiu com a tranquilidade de quem é maduro o suficiente para arcar com os resultados da sua decisão, sem ter de ficar culpando a quem quer que seja pelos resultados daquilo que foi decidido. Isso é maturidade. Isso é sabedoria. Isso é viver com qualidade de vida.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira