sexta-feira, 21 de junho de 2013

"Quem segue a justiça e a lealdade encontra vida, justiça e honra" (Provérbios 21:21)

Quem anda no bom caminho, viverá com mais qualidade de vida. Quem planta boas sementes ao longo da vida, colhe bons frutos em todos os períodos. De fato, a vida tem mostrado que recebemos o que damos, colhemos o que plantamos. Acho uma grande injustiça quando as pessoas optam por aquilo que não é certo e quando recebem as consequências das suas opções, reclamam dos outros, da vida e, de quebra, culpam alguém. Sim, porque nessa lógica autocomiserativa, ninguém é responsável por nada que seja frustrante, as pessoas, geralmente, reconhecem o que é positivo, as coisas que dão certo, porém, tudo que deu errado, geralmente, é o outro que recebe a culpa. Alguns creditam sua infelicidade ao cônjuge ou aos pais; outros creditam sua depressão ao trabalho ou à família; há aqueles que creditam seu mau desempenho profissional ao patrão ou encarregado; enfim, sempre há um culpado por aquilo que não está dando certo em nossa vida, dificilmente assumimos que nossas escolhas desembocaram na maioria de nossas frustrações. Porém, o autor de Provérbios nos lembra que a satisfação está no trilhar por um caminho ético, honesto, justo. É verdade que este caminho nem sempre nos proverá de sucesso, visto que muito dos "sucessos" que muitas pessoas buscam, de maneira alguma, provém da justiça e do exercício da ética relacional e/ou profissional. Mas o provérbio de hoje fala sobre vida, justiça e honra. Fala de valores aos quais aqueles que os entendem como recompensas ou como objetivos de vida, devem trilhar pelas vias da justiça e lealdade. Contudo, neste mundo tão corporativista e estético, quem abre mão destas filosofias para viver uma vida íntegra? Quem, realmente, está disposto à, em algumas situações, perder para que o outro ganhe? Quem está disposto à, diante de um erro próprio, assumir a culpa e aceitar os prejuízos? Creio que somente agem assim, aqueles que, por trilharem pelo caminho da justiça e lealdade, transcenderam aquilo que a nossa filosofia de vida materialista impôs como qualidade de vida e valores. Por quais caminhos estamos trilhando? Pra onde estamos sendo levados? Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quinta-feira, 20 de junho de 2013

"O homem justo leva uma vida íntegra; como são felizes os seus filhos!" (Provérbios 20:7)

Como é bom ter uma pai honesto, íntegro, possuidor de valores tão caros nesses dias nos quais vivemos. Falo isso baseado em experiência própria. Meu pai não construiu nenhum patrimônio econômico para que eu e minha irmã pudéssemos desfrutar, entretanto, o seu legado de honestidade, justiça, verdade, são os maiores bens que ele está nos deixando. Como é bom não ter de se envergonhar daqueles que nos deram a vida. Como é bom olhar para trás e ter somente lembranças que dão orgulho de sermos filhos de quem somos. A história do meu pai é uma história simples, sem muitas novidades e nem com situações tão diferentes das demais pessoas. Ele teve uma infância humilde, trabalhou honestamente ao longo da vida, casou-se, é pai de dois filhos (eu e minha irmã), e aposentou-se recentemente. Continua trabalhando, e trabalha não por uma questão de necessidade de complementação de renda, pois sua aposentadoria é suficiente para que ele e minha mãe vivam bem, porém, acredito que seu esforço em trabalhar está muito relacionado àquilo que ele me ensinou ao longo da vida: "o trabalho dignifica o homem". Às vezes fico pensando como deve ser a vida daqueles filhos os quais seus pais lhes deixaram um legado vergonhoso, baseado em escândalos, falcatruas, mentiras, e tantas outras situações vergonhosas; deve ser algo muito constrangedor ser identificado como "o filho do fulano que meteu a mão no dinheiro da empresa que trabalhava". Graças a Deus eu em alguns momentos da minha vida eu fui privilegiado com o seguinte comentário: "o fulano é seu pai? Puxa, que cara gente boa é seu pai, que homem honesto, companheiro, um amigo de todas as horas"; e como foi maravilhoso ser identificado como filho de alguém assim, espero que eu proporcione o mesmo orgulho aos meus filhos. É claro que em tempos como o nosso, ser alguém honesto é um preço muito alto a pagar, visto que ninguém quer sair no prejuízo seja qual for a situação, muitos querem se dar bem às custas de qualquer coisa, até da desonestidade. Mas, graças a Deus que eu fui presenteado com um pai (e mãe) que decidiram pagar o preço de ser ético. Hoje, eu e minha irmã, não temos um patrimônio econômico ao qual iremos herdar, mas, o patrimônio que nossos pais deixaram e que ninguém nunca poderá nos tirar, este já herdamos ao longo da vida, ou seja, os valores éticos, morais, relacionais e espirituais. Herdamos e já estamos transmitindo em todos os nossos relacionamentos, inclusive à nossa família. Obrigado Senhor, por ter me presentado com pais tão valorosos!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quarta-feira, 19 de junho de 2013

"Não é bom...ser precipitado e perder o caminho" (Provérbios 19:2)

Nesses dias em que tudo é imediato, fica difícil não ser precipitado. Entretanto, essa dificuldade, ainda que muitas vezes incontrolável, causa muito prejuízo às pessoas. Agir precipitadamente faz com que o curso natural de determinadas situações seja alterado. Há situações que demandam tempo para que sejam resolvidas ou estabelecidas. Diz o ditado popular que "o tempo é o melhor remédio", e, em determinadas situações, é verdade. Porém, em alguns momentos da vida, precisamos de tempo para que haja real reflexão acerca das decisões que vamos tomar; precisamos de tempo para repensarmos nossas posturas; precisamos de tempo para reavaliarmos os relacionamentos; enfim, em situações que demandam tempo, a precipitação pode mudar negativamente o rumo da nossa vida. Essa filosofia de vida fast-food está facilitando nossa vida ao mesmo tempo em que, também, está contribuindo com o estabelecimento de males como, por exemplo, a ansiedade. É claro que a praticidade é essencial para nós que vivemos neste tempo de multifuncionalidades, porém, não podemos, de maneira alguma, aplicar a praticidade funcional às complexidades de nossas decisões, relacionamentos, e da própria existência. Quando isso acontece, adoecemos física, emocional e espiritualmente. Temos de ter em mente que a nossa existência é uma construção diária que demanda de nós um olhar panorâmico e não pontual, ou seja, um olhar limitado apenas ao momento ou à determinada situação. Muitas das decisões que tomamos agora, trarão resultados imediatos e, também, resultados a médio e longo prazo; por isso a necessidade de evitarmos a precipitação em tudo o que fazemos. Tudo, necessariamente, tudo, deve ser refletido, pois, afinal de contas, colheremos os frutos das sementes que lançarmos nesta vida. Portanto, a despeito de toda a filosofia imediatista do nosso tempo, quando o assunto a ser tratado for a nossa vida, tenha calma, paciência, reflita com tranquilidade e, quando estiver em paz consigo mesmo, faça o que você tem de fazer. Assim, mesmo que você não tome a melhor decisão, terá a consciência tranquila de que muitas possibilidades foram percebidas e, num ato consciente, você decidiu com a tranquilidade de quem é maduro o suficiente para arcar com os resultados da sua decisão, sem ter de ficar culpando a quem quer que seja pelos resultados daquilo que foi decidido. Isso é maturidade. Isso é sabedoria. Isso é viver com qualidade de vida.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

terça-feira, 18 de junho de 2013

"Um irmão ofendido é mais inacessível do que uma cidade fortificada, e as discussões são como as portas trancadas de uma cidadela" (Provérbios 18:19)

Os relacionamentos pessoais, de fato, são grandes desafios para todas as pessoas. Eu digo desafio porque penso que lidar com nossas expectativas e frustrações já é um exercício complicado, por isso, ter de lidar com as expectativas e frustrações das pessoas se torna um desafio ainda muito maior. Mas, como seres sociais que somos, temos de nos relacionar, visto que sem relacionamento não conseguimos transitar neste mundo. Particularmente, penso que uma das percepções mais difíceis que encontramos nos relacionamentos é saber quais são os limites de cada pessoa. Estabelecer limites próprios e perceber os limites do outro, são exercícios complicadíssimos, visto que cada pessoa é quase que infinitamente diferente uma da outra. Há aquelas que têm muita facilidade de impor seus limites; há outras que grande dificuldade de fazer o mesmo, visto que temem magoar o outro; há os que têm facilidade de impor seus limites, porém não respeitam os limites do outro; e aqueles que respeitam o limite do outro, mas não conseguem estabelecer os seus próprios limites, gerando, assim, muito sofrimento. Com todas essas situações e personalidades, a ofensa é sempre uma possibilidade fácil de acontecer. E quando isso acontece, o resultado é sempre o distanciamento relacional, a quebra da confiança ou o rompimento de um vínculo que poderia ser uma grande amizade. E há pessoas que, definitivamente, diante de uma ofensa, independentemente do contexto, se trancam em si mesmas, evitando qualquer possibilidade de restauração daquilo que foi quebrado. Por isso, se faz necessário o estabelecimento verbalizado dos limites pessoais em quaisquer relacionamentos. Se faz necessário para que o outro tenha condições de saber a maneira como se relacionar conosco. Já testemunhei muitas amizades serem desfeitas porque um ofendeu o outro, porém, o fez através de uma brincadeira, ou seja, sem a intenção de causar a quebra do relacionamento. Porém, como nunca houve a verbalização do tipo: "eu não gosto de brincadeiras", o incidente foi inevitável. Muitas das situações em que somos magoados acontecem porque não verbalizamos os nossos limites às pessoas, daí, às vezes sem querer, elas ultrapassam um espaço ao qual nós mesmos não delimitamos à elas. Com isso, o resultado sempre é o sofrimento, decepção, ofensa, e os demais desdobramentos próprios da invasão dos nossos limites. Portanto, seja prudente, exercite a verbalização dos seus limites, conheça os limites estabelecidos das pessoas com as quais você se relaciona, pois, fazendo assim, você estabelecerá um relacionamento honesto, saudável, acessível e que lhe dará mais alegrias do que decepções. Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

sexta-feira, 14 de junho de 2013

"Quem despreza o próximo comete pecado, mas como é feliz quem trata com bondade os necessitados" (Provérbios 14:21)

Esta vida está ficando cada vez mais difícil quando o assunto é convivência. Até entre os religiosos encontramos grandes dificuldades em relacionar-se com o outro. Como estou envolvido diretamente com o ambiente religioso, percebo que há pessoas que, mesmo dentro dos templos de culto a Deus e comunhão entre os seus, desprezam os outros. Há pessoas que "cortam" caminho para não ter de cumprimentar determinadas pessoas. Há outras que, mesmo cumprimentando e até dando um sorriso simpático, demonstram uma acidez relacional impossível de ser mascarada. Enquanto instituição, vejo que muitas religiões pregam o amor ao próximo, porém, tal pregação é negada por tais religiões que, vendo a calamidade humana, ainda exploram seus fiéis. Algumas instituições, clamam em favor dos necessitados, dos "sem terras", dos moradores de rua; fazem campanhas em favor da reforma agrária, porém, detém grandes fortunas patrimoniais expressas em mega-templos suntuosos e terrenos espalhados em muitos países. Além do ambiente religioso e seus fiéis, está a sociedade comum, caracterizada pelo individualismo exposto por símbolos como, por exemplo, o fone de ouvido no qual a pessoa demonstra estar trancafiada em si mesma e, portanto, fechada para receber o que vem de fora. Os celulares também demonstram o nível do nosso individualismo, visto que, com a multifuncionalidade, os adolescentes, jovens e até adultos, seja no ônibus, no avião, ou andando pelas ruas, individualizam-se mesmo entre a multidão. Assim, com atitudes tão simples, boa parte das pessoas - religiosas ou não - está cada vez mais indiferente umas as outras. E esta indiferença está nos conduzindo a grandes conflitos: pessoais, familiares e sociais. Pessoais porque estamos tão individualizados que já nem nos incomodamos em ser tratados (e também tratar os outros) como objetos, em muitos casos, descartáveis; familiares porque internalizamos tanto o nosso mundo privativo que a casa onde vivemos se tornou mais utilitária do que relacional; e sociais no sentido de que nos envolvemos em causas às quais temos algum benefício, caso contrário, quando o outro luta pelos seus direitos, o condenamos por lutar por si mesmo. São basicamente essas situações que o autor de Provérbios denomina como pecado, visto que pecado, no sentido etmo-teológico, é errar o alvo. Relacionalmente falando, olhando para o nosso contexto, percebo que mudamos o alvo de lugar, ou seja, já não cuidamos mais uns dos outros, cuidamos - de maneira muito precária - apenas de nós mesmos. Porém, o autor de Provérbios aponta o caminho de uma existência mais significativa, ou seja, uma existência que existe para si mesmo, porém, por fazer sentido em si, tem como alvo o outro: amizade, afetividade, cuidado, proteção, conferência de dignidade, respeito, solidariedade, etc. E o autor de Provérbios não está usando de figura de linguagem, ao contrário, ele está falando de relacionamento real, de vida que se expressa de maneira saudável à medida que percebe o outro. Infelizmente, enquanto os seres humanos se esconderem atrás da religião, ou em seus equipamentos eletrônicos, ou no seu mundo individualizado, serão vítimas de si próprios e responsáveis pelo seu próprio abandono. Que tal refletirmos acerca da nossa postura enquanto ser social? Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quinta-feira, 13 de junho de 2013

"Aquele que respeita o mandamento será recompensado" (Provérbio 13:13)

Todo mundo gosta de ser recompensado por aquilo que fez de bom. Particularmente, eu penso que pessoas que fazem o que é justo, correto, verdadeiro e honesto, deveriam ser recompensadas, nem que fosse com os simples elogios: "Parabéns!" ou "Muito Obrigado". É verdade que os mais santarrões vão dizer que tal pessoa "não fez mais do que a obrigação", porém, em tempos tão violentos e de tanta indiferença, acredito que a recompensa surge como um reforço para aquilo que é bom. O provérbio de hoje fala sobre recompensa. Engana-se aquele que interpreta que quem cumprir os mandamentos será recompensado por Deus, não, não é bem assim. Deus não irá nos recompensar por aquilo que Cristo fez em nosso lugar. Nem mesmo a salvação é uma recompensa, ela é graça, ou seja, um presente que reconhecidamente não merecemos porém, por causa da obediência e sacrifício de Cristo, recebemos gratuitamente. No contexto bíblico, quando pensamos em recompensa, temos de levar em consideração que o benefício que colhemos é resultado natural daquilo que fazemos. Assim, aquele que respeita o mandamento, aliás, mandamento que é bom, será recompensado, no mínimo, com uma consciência tranquila e pacificada por agir corretamente. Talvez, mas isto não deve criar grandes expectativas, alguém reconheça, agradeça e, até, recompense-nos. Contudo, a recompensa maior estará em nós mesmos, demonstrada pela consciência tranquila, pelo caráter aprovado, pelo legado de honra, valor e dignidade que deixaremos aos nossos filhos e às outras gerações. Há pessoas que obedecem com a finalidade de receberem a recompensa, porém, quando esta não vem tais pessoas ficam decepcionadas e desistem de fazer o que é bom. Contudo, aqueles que absorveram os valores e conceitos dos mandamentos (não somente os bíblicos, mas também os da Lei Civil e os próprios valores éticos-relacionais), encontram prazer pelo fato de se perceberem pessoas honestas, dignas, com valores éticos que fazem bem a si próprios e às pessoas as quais eles amam. Para estes, a recompensa é apenas mais um benefício, porém, se ela não for recebida, a consciência de ser honesto já é suficiente para que se viva em paz. Aliás, penso que uma das grandes recompensas da vida é ter a consciência limpa e tranquila acerca dos nossos comportamentos, de forma que possamos viver em paz independentemente do reconhecimento dos outros. Mas, infelizmente, só compreenderão isto aqueles que não esperam por recompensas pelo fato de serem o que são: éticos.
Com carinho e amizade,  
Pr. André Luís Pereira

terça-feira, 11 de junho de 2013

"Quem causa problemas à sua família herdará somente vento..." (Provérbios 11:29)

Por trabalhar diretamente com pessoas, inclusive, famílias, me tornei observador dos comportamentos. Os relacionamentos, sejam eles quais forem, dizem muito acerca das pessoas sem que elas digam uma só palavra. Há relacionamentos que demonstram o quanto alguns são maduros, sadios, sensatos; há, também, aqueles relacionamentos que expõem a agressividade, descontrole emocional, imaturidade e insensatez das pessoas. Quando o assunto é especificamente família, aí a gente até consegue fazer uma leitura acerca de seus membros e, dependendo do comportamento, é possível fazer uma previsão de como será o futuro de cada um. Nessas observações, muitas vezes, meu coração fica triste ao perceber que muitas pessoas vivem apenas em função do imediato; pouquíssimas pessoas ainda se lembram de que a vida é uma construção que, se os alicerces não forem construídos com os bons materiais como a ética, honestidade, verdade, respeito, honra, dignidade, e tantos outros componentes valorosos à existência, o resto da obra estará sempre comprometida, suscetível a destruição por qualquer vento de conflito. Muitos também se esquecem que a vida é uma grande semeadura em que tudo aquilo que plantamos, no devido tempo será colhido. Percebo que depois que algumas pessoas descobriram as palavras "perdão" e "desculpa", tudo passou a estar resolvido, porém, tais palavras não são meras verbalizações, na verdade, são atitudes. Porém, ainda que pedido de perdão e o ato de perdoar e desculpar ajudem a por fim em muitos conflitos, as consequências dos nossos atos terão os seus desdobramentos. Por isso, conforme nos orienta o autor de Provérbios, temos de refletir sobre quais alicerces estamos edificando a nossa vida e quais sementes estamos lançando à medida que caminhamos, pois, dessas coisas dependerá a qualidade de vida da nossa existência, os frutos que colheremos em nossa jornada, e, portanto, o viver uma vida significativa. Àqueles que, infelizmente, optarem pelos materiais e sementes mais fáceis, ou seja, pelas vias da desonestidade, mentira, indiferença, orgulho, prepotência, desrespeito, não construirão nada - nem em si e nem para si - e colherão apenas vento. Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

segunda-feira, 10 de junho de 2013

"A memória deixada pelos justos será uma bênção, mas o nome dos ímpios apodrecerá" (Provérbios 10:7)

Lembro-me que, quando criança, meu pai me falava sobre o quanto é importante ser honesto e manter o nome "limpo". Ele dizia, e ainda diz, que a única coisa que dignifica o homem é o seu caráter, e que o restante, "é conversa pra boi dormir".  Lembro-me que agregada a esta sabedoria estava a afirmação: "meu pai sempre me disse que...". É interessante percebermos a preocupação das pessoas mais velhas em ensinar os seus filhos a ter um bom caráter, ou seja, ser honesto, trabalhador, ter aquilo que se quer ter através da luta, do esforço e da dignidade. Eu acho interesse porque, infelizmente, o que temos visto são pessoas que, em função do consumismo desenfreado, em função de se mostrar próspero para os outros, passam por cima daquilo que para os nossos pais e avós era sagrado: a dignidade. Há algum tempo, quando os escândalos por parte de políticos e líderes religiosos estavam sendo lançados na mídia, eu fiquei pensando sobre o quanto esses corruptos, além de se corromperem, roubaram de seus filhos aquele sentimento de orgulho que todo filho que tem um pai honesto pode desfrutar. Fiquei imaginando o quanto deve ser devastador para um filho ver a imagem do seu pai ligada direta ou indiretamente com escândalos sexuais, exploração da pobreza, desvio de dinheiro público, e por aí vai. Deve ser algo horrível ter de encarar os parentes, os amigos, a namorada, a família da namorada, o pessoal da escola/faculdade, e os tantos outros vínculos que se possa ter. Quando o autor de Provérbios afirma que "o nome dos ímpios apodrecerá", eu penso que podemos levar essa expressão, também, no sentido de se destruir uma geração. Quando um pai ou uma mãe se sujeitam àquilo que é desonesto, mesmo que seja pensando no "bem-estar" de quem quer que seja, também estão se sujeitando a perda da imagem de herói/heroína que os filhos, naturalmente, criam acerca dos pais. E quando essa decepção acontece, infelizmente, até os inocentes são afetados, aliás, os mais afetados. Por isso, ainda que os conselhos de nossos antepassados parecem inaplicáveis em dias tão competitivos, eles continuam sendo uma receita de sabedoria para vida. Creio que, muito mais do que conforto, os filhos e, também, a família necessitam de referenciais; necessitam de valores sob os quais poderão viver com qualidade de vida, seja na pobreza ou na riqueza. Pessoas justas, até quando morrem continuam ensinando através da memória dos bons exemplos de dignidade que deixaram registrados ao longo da vida. Pense nisso!
Com carinho e amizade,
PrAndré Luís Pereira