terça-feira, 27 de agosto de 2013

"...do conselho sincero do homem nasce uma bela amizade" (Provérbios 27:9b)

Este provérbio, ainda que verbalizado por muitas pessoas, retrata, também, uma situação que, na prática, é muito difícil de lidar: a sinceridade. De fato, quando temos maturidade para compreender aquilo que nos é dito com sinceridade, seja uma triste verdade, uma crítica ou alguma constatação sobre o nosso comportamento, aprendemos a viver melhor, porém, quando nos falta maturidade, infelizmente, tratamos qualquer informação sobre nós com desconfiança e, dependendo do caso, com agressividade ou indiferença. Há, também, aquelas pessoas que não sabem lidar com a sinceridade, seja de forma ativa (sendo sincero) ou de forma passiva (recebendo uma palavra sincera). Geralmente quando uma pessoa usa de sinceridade para com a outra, principalmente quando os laços de amizade não são profundos, tal atitude vem acompanhada de sarcasmo, raiva, rancor e outros sentimentos negativos, produzindo, assim, mais dor e sofrimento àquele que é alvo da "sinceridade". Em casos assim, quando a sinceridade é uma "estratégia de guerra" para desestabilizar o outro, a pessoa adota e verbaliza a seguinte filosofia de vida: "eu sou assim: eu falo na cara; eu não mando recado; o que tem de falar eu falo mesmo", contudo, ainda que  essas frases pareçam atitudes de alguém sincero, na maioria das vezes, elas são expressões de uma pessoa mal educada, insensata e infantilizada. Do outro lado da moeda estão aqueles que não sabem lidar com as críticas e, portanto, com a sinceridade e verdade. Pessoas assim, geralmente, sentem-se perseguidas por todo mundo, sentem-se vitimadas pelo mundo e, portanto, ao se depararem com o apontamento de alguma de suas fraquezas, já levantam bandeira de guerra contra o outro. São incapazes de fazer uma autoavaliação e, dependendo de sua constatação, mudarem aquilo que precisa ser mudado para o seu próprio bem. Há aquelas pessoas que, não sabendo lidar com a maldade alheia em usar a "sinceridade" como instrumento de opressão, permitem-se ao sofrimento até mesmo por apontamentos infundados, visto que, diante deles, não dão qualquer resposta defensiva ou explicativa e, para piorar sua própria situação, absorvem a mentira como verdade. Porém, a sinceridade saudável é uma bênção que traz libertação às pessoas e, de quebra, cria vínculos relacionais profundos. Ser sincero com as pessoas, necessariamente, é um desdobramento provocado pelo amor e, portanto, pelo respeito. A sinceridade, embora seja uma atitude nobre, se for utilizada com más intenções, pode desconstruir vínculos, produzir baixa autoestima e gerar muita intriga. Porém, quando utilizada com amor, produz efeitos vivificadores, motivadores e, assim, transformadores. Contudo, tudo depende da intenção e da sabedoria com que as pessoas utilizam a sinceridade. Hoje é um novo dia, com certeza estaremos expostos aos diversos relacionamentos, por isso, antes de levantar a bandeira da sinceridade, reflita sobre suas reais motivações, pois, fazendo assim, você será, primeiramente, honesto e sincero consigo mesmo e, então, poderá decidir entre ser sábio ou insensato. Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

"Os planos fracassam por falta de conselho, mas são bem sucedidos quando há muitos conselheiros" (Provérbios 15:22)

Eu já escrevi em diversas reflexões sobre a importância de construirmos bons relacionamentos, visto que os vínculos relacionais são imprescindíveis para que possamos viver bem. Acerca disso, falei, também, sobre a necessidade de sermos sensatos na escolha daqueles que denominaremos como "amigos", pois uma boa amizade pode significar o livramento de muitas enrascadas. Enfim, os vínculos relacionais são preciosos, sejam eles quais forem. Cada vínculo que criamos - família, cônjuge, amigos, colegas - impede que nos tornemos egoístas e, assim, ajuda-nos a, através da troca de experiências e orientações, amadurecermos enquanto indivíduos.  Os bons relacionamentos fazem com que tenhamos ao nosso lado pessoas que, verdadeiramente, se importam conosco e, por isso, sempre vão querer o nosso bem. E quando constituímos bons vínculos relacionais, a liberdade que temos uns com os outros, faz com que um ajude o outro quando os sofrimentos, as angústias, as dúvidas, as incertezas, e todas as outras difíceis situações da vida, surgem em nossa caminhada. Tenho quatro grandes amigos: a Liliane, o Flávio, o Fábio e a Eunice, pessoas que sempre posso contar quando preciso de auxílio em minhas crises pessoais, emocionais, espirituais. Em cada situação que apresento a eles, sempre sou orientado de maneira prudente. O vínculo de nossa amizade permite que eu possa me expor a eles e, assim, com muita transparência, dialogamos com a finalidade de gerar crescimento e mais sabedoria para que seja possível lidar com cada situação. Nesses diálogos há muito acolhimento e, portanto, reforço e correções. Às vezes recebo, através do acolhimento, orientações que reforçam as atitudes que estou tomando; outras vezes, também num ato de acolhimento, recebo orientações que corrigem a maneira como estou lidando com determinadas situações; porém, tudo isso acontece quando há exposição e, assim, transparência daquele que busca conselhos. Percebo que muitas pessoas cometem erros absurdos porque, infelizmente, por medo de se exporem aos amigos, ou por não terem amigos, vivem apenas em função dos seus próprios "achismos". Geralmente, pessoas assim, por não se permitirem à exposição, dirigem a vida a partir de si mesmos, sem qualquer possibilidade de ver determinadas situações pela ótica de outra pessoa. Assim, por conta dessa "autosuficiência", casamentos são desfeitos, empregos são perdidos, amizades nunca são estabelecidas, contribuindo, então, para as muitas frustrações e desajustes emocionais. Nos últimos cincos meses tenho trabalho mais diretamente como assessor familiar, neste período tenho notado que o medo da exposição faz com que as pessoas não criem vínculos profundos e, então, vão desenvolvendo a vida segundo a maneira como a entendem e, assim, geram terríveis problemas relacionais, que fazem mal a si mesmas e ao outro, porém, como não podem demonstrar suas fraquezas a quem quer que seja, quando vão buscar ajuda a situação está tão desesperadora que, infelizmente, há pouco o que se fazer. Outros, infelizmente, quando colocados de frente consigo mesmos, ao invés de buscarem ajuda e, então, fazer os ajustes necessários, preferem dar desculpas (os mais educados) a mudar suas posturas ou permitir que alguém os oriente. Desta forma, nasce uma gama de cônjuges insatisfeitos, casamentos de fachada, profissionais frustrados, filhos em crise, e a dureza de coração. Portanto, se você tem intenção de viver bem, com qualidade de vida, estabeleça vínculos  relacionais profundos. Permita-se ao cuidado. Permita-se a exposição. Permita-se a liberdade das concepções engessadas e edificadas apenas em si mesmo. Pense nisso! 
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

"Todo trabalho árduo traz proveito, mas o só falar leva à pobreza" (Provérbios 14:23)

Vivemos num tempo de facilidades. Muita coisa está facilmente acessível às pessoas: tecnologia, comunicação, conectividade, etc. Temos à nossa disposição as comidas rápidas, as entregas em domicílio e, por incrível que pareça, até, para os religiosos mais apressados, "drive thru" de oração. Essa facilidades, ainda que muitas sejam importantes, estão, também, roubando nosso esforço em fazer, conquistar, melhorar, insistir, etc. Sim, a comodidade produzida pelas facilidades, está, na minha concepção, desenvolvendo uma geração de folgados. De fato, há situações em que as facilidades são muito bem vindas, visto que agilizam o nosso dia por não consumirem nosso tempo, porém, quando o assunto é trabalho, mesmo com todas as facilidades que nos envolvem, a dedicação se faz necessária caso queiramos um emprego melhor, um salário melhor, um melhor reconhecimento. Há profissionais que se destacam entre os outros. Geralmente, são pessoas que, antes de qualquer coisa, gostam do que fazem e, assim, sentem prazer em produzir. Por outro lado, há profissionais que não fazem o que gostam, porém, estão presos ao trabalho porque não tiveram outra oportunidade, ou porque têm outras responsabilidades que dependem do seu trabalho, tais como filhos, cônjuges, dívidas. E, ainda, há aquelas pessoas que não trabalham - nem por prazer e nem por responsabilidade - geralmente, pessoas assim, têm os pés fora do chão e a mente a divagar pelos sonhos irrealizáveis. Conheço pessoas que sonham com coisas grandes, contudo, na hora de pôr as mãos na massa e trabalhar para que o sonho possa, em algum momento, se tornar realidade, encontram todo o tipo de desculpa e empecilhos ao trabalho. Às vezes ouço adolescentes falando sobre o sonho de ter um carro super equipado, uma moto potente, um apartamento bem decorado, porém, quando olho para a maneira como estão vivendo, percebo que, se permanecerem da maneira como estão, ou seja, estagnados, infelizmente, serão pessoas frustradas com a vida. Lembro-me de amigos da escola, no ensino médio. Lembro-me dos sonhos, projetos, desejos, que compartilhávamos. Cada um tinha uma idealização de carreira, porém, com o passar dos anos, quando encontro boa parte deles, percebo que, em algum momento, ficaram esperando que as coisas caíssem do céu. Uns se tornaram pais e mães em plena adolescência; outros foram pelo trágico caminhos das drogas; alguns já foram - outros estão - presos; e há até aqueles que já morreram por causa da criminalidade. Ora, sonhar, planejar, idealizar, são atitudes naturais e necessárias, contudo, planejar e não realizar através de atitudes, implica, necessariamente, em fracasso e frustração. Com excessão dos corruptos, as pessoas que têm dinheiro, casas, carros de luxo, vida financeira estável, geralmente, são pessoas que trabalham muito, se esforçam bastante, e investem em si mesmas o tempo todo. Nada cai do céu, pelo contrário, todas as coisas demandam muito esforço pessoal, muito trabalho, e, portanto, tempo. O simplismo religioso de que Deus enriquece aqueles que contribuem em determinadas religiões é uma heresia sem tamanho, visto que, a despeito do que muitos pensam, o trabalho não é castigo, pelo contrário, o trabalho é o meio pelo qual Deus dignifica o homem, torna-o produtivo e criativo. Portanto, se você sonha com uma vida melhor, então, conscientize-se de que deverá trabalhar muito, evitar gastos desnecessários, abdicar dos modismos populares e, em muitas situações, conformar-se com o fato de não ser aceito em determinados grupos, visto que você não terá o celular do momento, um carro clássico, roupas de determinadas grifes, não poderá bancar as atividades - jantares, teatro, festas - que alguns participam. Para alguns, dinheiro e prestígio vieram de berço, porém, para a grande maioria dos brasileiros que sonham com essas coisas, tudo é algo a ser conquistado. Mas é válido lembrar que, alguns sonhos, infelizmente, nem com o trabalho de toda uma vida serão realizados. Por isso, coloque o pé no chão, defina os valores da sua vida, e mãos à obra.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

terça-feira, 13 de agosto de 2013

"Aquele que anda com os sábios será cada vez mais sábio, mas o companheiro dos tolos acabará mal" (Provérbios 13:20)

Com quais tipos de pessoas você gosta de se relacionar? Esta pergunta gera algumas reflexões importantes pois, em determinadas situações, o provérbio popular se assemelha com o provérbio bíblico, ou seja: "diga com quem andas eu eu lhe direi quem tu és". Eu disse "em determinadas situações" porque há pessoas que, ainda que rodeadas de gente insensata, não se permitem influenciar, assim como há pessoas que embora estejam rodeadas de gente sábia, também, não se permitem qualquer tipo de influência. A despeito do que alguns pensam, nós não somos seres independentes dos outros. De alguma forma, ou em algumas situações da vida, sempre dependemos de alguém. Por sermos seres sociais, não dá pra vivermos isolados deste mundo, ainda que alguns tentem, o máximo que conseguem é o adoecimento emocional-relacional. Portanto, visto que este planeta possui quase 7 bilhões de habitantes e, por isso, as oportunidades de relacionamentos são muito grandes, temos de ser criteriosos acerca daqueles a quem elegemos como nossos amigos. Quando o autor de Provérbios fala acerca daquele que "anda", está apontando para aquelas pessoas que se relacionam de maneira muito próxima a alguém, ou seja, numa relação de amizade, companheirismo, cumplicidade, etc. Assim, com uma amizade tão próxima, é muito fácil sermos influenciados. É justamente por isso que o autor de Provérbios sugere que sejamos sensatos ao escolhermos o tipo de pessoas que vamos conviver através dos laços da amizade. Aqueles que elegerem amigos sábios, se tornarão cada vez mais sábios; por outro lado, aqueles que elegerem amigos insensatos, infelizmente, colherão a insensatez. E a insensatez destrói nosso senso de justiça, honestidade, honra, verdade, etc; assim, por conta da insensatez, alguns amigos se divertem espancando homossexuais, queimando mendigos nas ruas, pichando muros e patrimônios públicos, fazendo do abuso de bebida alcoólica um meio de aceitação ao grupo, enfim, produzindo diversos tipos de males contra si mesmos e contra os outros, e o pior de tudo, achando que estão "abafando" por agirem dessa maneira. Ultimamente, até mesmo em alguns programas de televisão, o humor sarcástico tem grande aceitação da massa manipulada, assim, desde o ensino fundamental, crianças cometem e são vítimas de bullying. Alguns dizem que a escola deve fazer alguma coisa para mudar essa situação, porém, particularmente, eu penso que os pais e/ou responsáveis são os que devem agir proativamente em relação a isso, ou seja, sendo criteriosos àquilo que permitem que seus filhos assistam na TV; ensinando-os os valores como respeito, honra, amor ao próximo, para que possam se relacionar bem com as pessoas, inclusive com os diferentes; ensinando-os a serem seletivos quanto àqueles que elegerão como amigos (estou falando de amigos, e não de colegas). Creio que este tipo de orientação seja imprescindível para aqueles que realmente se importam com o bem-estar e felicidade de seus filhos. Assim, e creio que somente assim, teremos uma sociedade melhor: menos violenta, menos preconceituosa e, portanto, mais relacional. Pense nisso!
Com carinho e amizade, 
Pr. André Luís Pereira

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

"Temer o Senhor é odiar o mal; odeio o orgulho e a arrogância, o mau comportamento e o falar perverso." (Provérbios 8:13)

Este provérbio nos conduz à uma séria reflexão acerca da fé. Sim, porque a sabedoria (tornada neste texto numa personagem) afirma que temer ao Senhor é, necessariamente, odiar aquilo que é mau. Digo que o provérbio é uma reflexão acerca da fé porque, diante de tantos escândalos envolvendo pessoas religiosas - líderes e membros de comunidades - fico me perguntando se é realmente a fé em Deus que algumas pessoas têm cultivado em suas vidas. Penso, assim como nos afirma o autor de provérbios, que a fé em Deus faz com que aquele que crê, a semelhança do próprio Deus, sinta repúdio pelo mal, seja a maldade falada ou demonstrada em comportamento. É claro que cada um de nós, em diversos momentos, até por sermos seres imperfeitos e limitados, cometemos alguns erros, porém, a genuína fé, quando aplicada em nossa vida, faz com que, ao longo da caminhada, e por causa dos novos valores elencados em nossa mente, priorizemos a prática do bem. Não nos tornamos perfeitos, mas nos tornamos mais propensos à sabedoria, honestidade, verdade, justiça, hombridade, e todos os demais valores éticos-relacionais propostos no Evangelho. Confessar a fé de maneira verbal, porém, nas atitudes negá-la, é, no mínimo, hipocrisia. Na verdade é um desserviço a fé genuína que algumas pessoas verdadeiramente comprometidas com Deus defendem. Fé, muito mais do que confissão verbal, é exercício prático, ou seja, o que credencia a veracidade da nossa fé é o comportamento conosco mesmo, com as pessoas e, portanto, com Deus. Abraçar a fé cristã e não entrar num processo que nos conduz ao desenvolvimento da verdade, honestidade, justiça, e todos os outros valores que já foram citados, é o mesmo que tentar tomar banho com um guarda-chuva aberto. Sim, porque o caminho natural da fé em Deus nos conduz, necessariamente, ao desenvolvimento de um bom caráter, um bom comportamento, e bons relacionamentos. Portanto, temer a Deus além de implicar no repúdio daquilo que é mau, também, implica no prazer por aquilo que é bom. Assim, por causa da fé, eu me torno um funcionário melhor; por causa da fé, eu me torno um patrão melhor; por causa da fé, eu me torno um estudante melhor; me torno um namorado, noivo, marido, melhor; me torno um amigo melhor; enfim, por causa da fé e todos os valores aos quais ela opera em mim, ao me relacionar com Deus, vou sendo tornado ao longo da caminhada da vida num ser humano integralmente melhor, sendo cada dia mais atraído por aquilo que é bom, e ficando cada dia menos interessado por aquilo que faz mal a mim e às pessoas. Este é o convite da fé: dignificar a nossa existência. Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"Com a sedução das palavras o persuadiu e o atraiu com o dulçor dos lábios. Imediatamente ele a seguiu como o boi levado ao matadouro, ou como o cervo que vai cair no laço até que uma flecha lhe atravesse o fígado, ou como o pássaro que salta para dentro do alçapão, sem saber que isso lhe custará a vida" (Provérbios 7:21-23)

Este capítulo de Provérbios trata sobre o homem e a mulher adúlteros, das relações conjugais ilícitas. O autor faz uma observação bem pormenorizada sobre como acontece o jogo da sedução que leva um homem ou uma mulher, embora comprometidos, a traírem seus cônjuges. É verdade que em tempos modernos, a traição já não é, necessariamente, física. Com o avanço tecnológico, já se fala em traição virtual. Porém, creio que antes da consumação de relações ou conversas íntimas via computador, a traição acontece, primeiramente, em nós mesmos. Geralmente, o ato sexual, o relacionamento extra-conjugal, ou os relacionamentos virtuais, são apenas resultados de um conflito interior que já não consegue ser contido e, portanto, extravasa de alguma forma: real ou virtual. O ativismo moderno, além de outros fatores, é um dos influenciadores desse tipo de experiência. Em busca de sucesso profissional ou na necessidade de suprir financeiramente o lar, maridos e esposas estão ficando da vez mais distantes uns dos outros, bem como dos filhos também. Este distanciamento, ainda que explicável, tem sua contrapartida relacional, a qual geralmente, se apresenta através do esfriamento afetivo. Assim, os casais constroem patrimônio, adquirem uma vida econômico estável, contudo, sentem dificuldade de curtirem juntos o resultado de seus esforços. Sabem muito sobre economia, plano de carreira, necessidades da casa, manutenção de automóvel, porém, pouco ou nada sabem sobre si mesmos e sobre o outro. Desta forma, quando se percebem desconhecidos, também percebem-se carentes de algo que os preencha e faça valer à pena todo esforço e investimento que fizeram ao longo da vida e, por não encontrarem no outro a correspondência da carência, ficam suscetíveis as investidas de terceiros. Envolvem-se em relações (não relacionamentos) aventureiras, que, por serem socialmente reprimidas, produzem a famosa sensação do "proibido que é mais gostoso", que eleva a adrenalina e, assim, ao mesmo tempo que reforça este tipo de relação, aumenta a culpa, os conflitos pessoais e os conflitos conjugais. Tais relações, na maioria dos casos (não é uma regra), quando assumidas publicamente, tendem a repetir ao relacionamento anterior, visto que, o que era "perigoso, por isso gostoso", torna-se comum. Em outros casos, quando o novo relacionamento é iniciado sem as demandas do relacionamento anterior, tem-se a impressão que, o relacionamento passado deixou de ser bom porque os investimentos foram mais destinados às coisas do que às pessoas (casal). Daí, então, na nova experiência relacional trata-se as coisas com mais maturidade e elenca-se como valor prioritário o relacionamento conjugal. Muitas pessoas já passaram por esse tipo de situação e tiveram algumas dessas percepções e, então, conseguiram reconstruir a vida. Outras, imaturas e, portanto, despreparadas para a vida, vivem até hoje sem condições de estabelecer qualquer vínculo relacional. E fazem isso, normalmente, por duas razões: 1) por causa da frustração com o casamento; 2) por causa de si mesmas, visto que não refletiram, tiraram suas conclusões e aprendizados; o resultado mais comum é a dificuldade de se estabelecer vínculos e, em alguns casos, o prazer em desfazer os vínculos formados, principalmente aqueles vínculos que lhes causam certa inveja. Com o evento da internet, muitas relações foram estabelecidas, visto que ficam veladas nas salas de bate-papo, somado a isto, o aumento da inafetividade e distanciamento conjugal resultam numa fórmula poderosa para desconstruir relacionamentos que foram sendo abandonados ao longo dos anos. Por isso, fique atento ao seu relacionamento. Novas oportunidades sempre aparecem, em todos os momentos, com propostas muito tentadoras ao nosso cônjuge. Nesses tempos modernos, dez, vinte, cinquenta anos de casamento não significam, necessariamente, que tudo esteja bem. Portanto, pra evitar desgastes, angústias e decepções: ao outro e a si mesmo, seja sábio, invista em seu cônjuge antes que alguém o faça.  
Com carinho e amizade,
​​
Pr. André Luís Pereira

terça-feira, 6 de agosto de 2013

"​Meu filho, se você serviu de fiador do seu próximo, se, com um aperto de mãos, empenhou-se por um estranho, e caiu na armadilha das palavras, que você mesmo disse, está prisioneiro do que falou. Então, meu filho, uma vez que você caiu nas mãos do seu próximo, vá e humilhe-se, insista, incomode o seu próximo. Não se entregue ao sono, não procure descansar.​" (Provérbios 6:1-4)

Quem é que gosta de se humilhar a quem quer que seja? Com certeza, ninguém. As situações que demandam que nos humilhemos a outra pessoa são muito constrangedoras. Há pessoas que assumem grandes prejuízos - financeiro, emocional e profissional, mas não se humilham pra ninguém. O autor de Provérbios sugere que aqueles que se dispuseram a ser fiadores de outrem, em caso de não pagamento daquilo que foi acordado, se preciso for, até se humilhe diante daquele que não cumpriu com a palavra, para que, assim, o prejuízo pessoal seja menor. Sim, porque o prejuízo, nesses casos ​é inevitável, visto que, ainda que a dívida seja paga, no mínimo, a amizade ficará estremecida. Grandes amizades e bons relacionamentos familiares já foram quebrados por conta desse tipo de acordo. Algumas pessoas dizem que a Bíblia condena aquele que se torna fiador de alguém, porém, isso não ​é verdade. A Bíblia orienta-nos a não entrarmos nesse tipo de negócio, porém, nos diz que, quando entrarmos, devemos estar cientes da responsabilidade que estamos assumindo e das consequências dessa responsabilidade. ​É por isso que o autor de Provérbios recomenda que devemos ficar humilhação àqueles a quem nos tornamos fiadores, e, se essa pessoa não estiver cumprindo com seu compromisso, para que não venhamos a pagar por uma dívida que não é nossa, devemos ser insistentes e, se necessário, nos humilharmos. Sim, porque ​é menos vergonhoso humilharmo-nos para alguém que conhecemos do que vivenciarmos a humilhação de perder algum bem por uma dívida de outra pessoa. Muitas pessoas colocam seu patrimônio e nome em risco​,​ porque não conseguem dizer "não" a amigos e parentes, porém, como aquilo que temos, em muitos casos, pertence também a nossa família, especialmente o que diz respeito a imóveis, n​ão podemos penhorar por causa de terceiros. E isto não implica em sermos egoístas, mas em sermos prudentes com aquilo que temos. Por isso, acolhamos a recomendação do autor de Provérbios caso tenhamos nos sujeitado a condição de fiador. Mas, por uma questão de prudência, evitemos ao máximo este tipo de situação,pois, todos os envolvidos podem perder, seja valor humano (relacionamentos), seja valor monetário (dinheiro/patrimônio). Pense nisso!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

"A sabedoria o livrará do caminho dos maus, dos homens de palavras perversas, que abandonam as veredas retas para andarem por caminhos de trevas, têm prazer em fazer o mal, exultam com a maldade dos perversos, andam por veredas tortuosas e no caminho se extraviam" (Provérbios 2:12-15)

O capítulo 2 de Provérbios fala sobre o quanto a sabedoria é preciosa à vida. O autor, por ser alguém que provou da sabedoria, aponta o quanto ela é benéfica àquele que a busca. Dentre tantos benefícios apontados, ele afirma que a sabedoria nos livra das pessoas más. Mas este livramento não é uma ação passiva da sabedoria sobre nós, pelo contrário, a sabedoria nos dá critérios para que saibamos discernir as pessoas que se aproximam de nós. Sim, o sábio tem condições de restringir e/ou aprofundar vínculos relacionais; ele tem condições de estabelecer os vínculos relacionais: amigos, colegas, conhecidos. E a cada um desses vínculos ele tem condições de estabelecer o nível de cada relacionamento. Aquele que obtém sabedoria, ao longo da vida, vai adquirindo os valores ético-relacionais e, assim, por convicções próprias, vai se tornando seletivo em seus relacionamentos. Infelizmente, muitas pessoas, por falta de sabedoria, por mais que já tenham se decepcionado com outras pessoas, ainda não aprenderam a estabelecer os níveis de afinidade, intimidade e afetividade em seus relacionamentos. Geralmente, pessoas assim, se entregam emocionalmente a qualquer um que lhes dê o mínimo de atenção, principalmente, aos mal-intencionados. Como não têm parâmetros para discernir as intenções daqueles que se aproximam, permitem, sem qualquer barreira, que as pessoas invadam sua vida e, consequentemente, sua intimidade. A partir disso, quando a exposição, traição, ou qualquer outro prejuízo acontece, desencadeiam-se grandes problemas emocionais por conta da decepção. O mais comum é que aquele que ficou decepcionado se feche para qualquer outro relacionamento, visto que decidiu não confiar mais, pois, segundo passam a definir: "ninguém presta". Contudo, com a necessidade de achar um culpado para a sua decepção, responsabiliza o outro (o que é um fato), porém, não reflete acerca de si mesmo, sobre a maneira como se expôs sem, antes, estabelecer limites ao relacionamento. Assim, a sabedoria se torna essencial em nossa vida, visto que ela nos dá condições de fazer tais reflexões acerca de nós mesmos e, também, acerca daqueles que nos cercam. Nós não nascemos com um radar que nos informa sobre quem devemos confiar. Por isso, precisamos exercitar nossa sensibilidade, a qual vai sendo aguçada a medida que vamos obtendo informações, recebendo valores, conhecendo a ética relacional-comportamental, e descobrindo um pouco mais sobre nós e as pessoas. Provérbios, por ser um livro que versa sobre a vida e as situações próprias desta, é um mapa norteador para o desenvolvimento da sabedoria. Nesse livro há compartilhamento de experiências - positivas e negativas - há conselhos de alguém que experimentou as diversas situações da vida e resolveu escrever suas impressões com a finalidade de ajudar aos seus leitores a, pelo menos, refletir sobre as muitas consequências provenientes de algumas atitudes. Portanto, sugiro que você leia este livro precioso. Se você não gosta de religião, leia-o na perspectiva do cuidado pessoal, pois, fazendo assim, você pode dar-se uma chance de equipar-se para muitas situações conflitantes e, até, evitar relacionamentos problemáticos. Pense nisso!
Com carinho e amizade,
​P​
r. André Luís Pereira

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

"Até quando vocês, inexperientes, irão contentar-se com a sua inexperiência? Vocês, zombadores, até quando terão prazer na zombaria? E vocês, tolos, até quando desprezarão o conhecimento?" (Provérbios 1:22)

Creio que estas perguntas já foram feitas por nós e, em alguns momentos da vida, para nós. Viver não é uma tarefa tão simples. Há muitas situações que contribuem para que tenhamos dificuldade de lidar com determinadas fases e situações próprias da existência. Desde que estou envolvido com aconselhamento, tenho percebido que muitos dos problemas que as pessoas têm, assim como os que eu tenho, são resultados da falta de maturidade que, por sua vez, em muitos casos, implica na falta de orientação. Sim, você já percebeu que, seja por descuido ou negligência, quase ninguém nos orienta acerca das fases da vida, acerca dos relacionamentos que nos envolvemos, e acerca da maneira como podemos lidar com as finanças? Citei esses três exemplos porque são situações nas quais temos mais dificuldades de lidar. Nossos pais ou responsáveis, por conta de compromissos pessoais e profissionais, nem sempre têm condições de atender a todas as demandas da educação dos filhos. Alguns pais, infelizmente, pensam que a educação se limita em nos oferecer acesso à escola e em nos ensinar a respeitar aos mais velhos. É obvio que essas atitudes são importantes e compõem a educação, porém, não se limita a isso. É claro que temos de levar em consideração que muitos dos nossos pais nos dão aquilo que receberam. Porém, este investimento básico, infelizmente, não nos prepara para a vida, não nos dá orientação relacional, ético-profissional, e nem de enfrentamento da vida. Portanto, cabe a cada um de nós que, neste século, está dotado de todo aparato tecnológico, buscarmos o desenvolvimento pessoal, profissional e relacional. Sim, ainda que o que recebemos na infância e adolescência não seja o investimento completo, pelo menos, já é o suficiente para que tenhamos condições de investirmos em nós mesmos. Assim, as escolas técnicas, os cursos profissionalizantes, as comunidades religiosas, os demais grupos sociais, são os ambientes nos quais, em havendo interesse e dedicação pessoal, somos orientados para a vida. Nesta era de informações amplamente acessíveis, só não adquire conhecimento quem não quer. É verdade que há pessoas que, infelizmente, vão optar pela maneira mais difícil de obter conhecimento, ou seja, através das decepções, erros, más consequências provenientes de escolhas mal feitas e, portanto, sofrimento. É claro que o aprendizado também decorre do sofrimento, porém, não apenas dele. Em havendo interesse pessoal, há muitas outras vias pelas quais podemos aprender e, assim, amadurecer. Penso que diante de todas as dificuldades, duas questões são relevantes e fundamentais: estamos dispostos a aprender? Por quais vias? Reflitamos sobre isso.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira