quarta-feira, 26 de setembro de 2012

"Como o louco que atira brasas e flechas mortais, assim é o homem que engana o seu próximo e diz: "Eu estava só brincando!'" (Provérbios 26:18-19)


Nesse pouco tempo de ministério pastoral, e posso dizer também dos outros ambientes que trabalhei antes do pastorado, penso que não há coisa pior do que o cinismo, principalmente, quando ele vem acompanhado da frase citada pelo autor de Provérbios: "eu estava só brincando!". Puxa vida, quando eu ouço isso da boca das pessoas, sinceramente, dá vontade de pedir pra que elas se retirarem da minha presença. Eu imagino que ser ofendido, exposto, envergonhado publicamente, seja algo difícil de lidar, entretanto, pra mim, aquelas brincadeiras de mau gosto, as "alfinetadas" irônicas e as frases soltas que têm a intenção de ferir o outro, são as piores atitudes num local de convívio, seja o ambiente de trabalho, seja na relação familiar, seja na comunidade religiosa. Essas situações, por serem veladas, por estarem acompanhadas de riso e "brincadeira", causam uma destruição sem tamanho. E, geralmente, quem usa desse tipo de artifício, são pessoas covardes e desonestas. Sim, porque, quando confrontadas quanto ao sofrimento que causaram ao outro, disparam: "magina, foi só uma brincadeira, o fulano que se dói por qualquer coisa". E você pode usar todo o argumento que puder, mas, esse tipo de pessoa, por ser covarde, sempre vai se esconder atrás dessa detestável frase. Entretanto, esse tipo de pessoa, também, dificilmente vai conseguir provar de relacionamentos saudáveis, geralmente, seus relacionamentos serão sempre curtos ou, se duradouros, enquanto durarem, serão superficiais. Sim, porque, quem é que vai confiar nesse tipo de gente? Quem teria coragem de se expor para gente assim? Os tolos, é claro. Mas gente madura, honesta, que assume seus erros e arca com as consequências de seus atos, nunca criaria vínculo com gente covarde. Sendo assim, os palhaços de plantão, por conta de suas "brincadeiras", dificilmente amadurecerão, visto que a maturidade, dentre tantas coisas, para ser desenvolvida, requer bons relacionamentos. E adultos infantilizados não conseguem se relacionar com adultos maduros. Conheço uma porção de pessoas emocionalmente feridas por causa desse tipo "brincadeira". Enquanto adultos, profissionais, familiares e religiosos, temos de viver por uma postura coerente com aquilo que somos e confessamos. Chega numa fase da vida em que já não dá mais pra fugir das nossas responsabilidades; falar o que vier à mente; e esquivar-nos das consequências dos nossos atos. Chega numa fase da vida em que, por sermos adultos, temos, necessariamente, que aprender e exercitar o diálogo, expressar-nos, falar daquilo que pensamos, para que, assim, sejamos honestos conosco mesmos e com as pessoas que estão ao nosso redor. Ninguém precisa mandar recado pra ninguém. Temos todas as condições de ir até a outra pessoa, conversarmos de forma educada, madura, buscando, então, o esclarecimento daquilo que nos causa mal estar. Não há nada mais honroso para uma pessoa do que saber lidar com as situações próprias, de cara limpa, de forma honesta, de maneira ética. E este tipo de atitude é estritamente adulta, madura, cristã e profissional. Eu não faço idéia de quantas pessoas têm acesso as meditações que escrevo; não sei quem são e como são essas pessoas; porém, dentre tantas reflexões escritas, creio que esta seja a que mais coloquei minhas emoções em cada palavra. E fiz isso porque, em cada letra escrita, eu me lembrei de alguém que fora ferido e, na sua dor, teve de ouvir: "eu estava só brincando!". Não consigo não me solidarizar com pessoas que são vítimas desse tipo de brincadeira. Portanto, se você já usou deste tipo de artifício para fugir da responsabilidade de assumir a autoria da sua má intenção, por favor, pare e reflita. Seja ético, seja honesto. Perceba que você pode estar construindo um caminho de solidão e, junto com ele, deixando um rastro de destruição. Nessa vida colheremos tudo aquilo que plantarmos, portanto, pare de brincar, pare de esconder-se, e, assim, aproveite o tempo que lhe resta para reconstruir, para que, assim, a vida tenha sentido; os relacionamentos sejam significativos; e você tenha a chance de provar as maravilhas de ser amado, respeitado e querido pelas pessoas. Boas reflexões.

Um abraçãozão a todos!!!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

Nenhum comentário:

Postar um comentário