sexta-feira, 21 de setembro de 2012


"Fazer o que é justo e certo é mais aceitável ao Senhor do que oferecer sacrifícios" (Provérbios 21:3)

Vivemos num mundo cada vez mais capitalista. Tudo tem um preço, nada é de graça. Nos relacionamentos, as coisas parecem não ser diferente da relação comercial. Ainda que ninguém receba valor financeiro para relacionar-se, algumas negociações são feitas na base da troca, ou seja, "eu faço isso se você fizer aquilo"; "se você tivesse feito aquilo eu lhe faria isso"; e por aí vai. Ultimamente, e digo isso com tristeza, algumas pessoas têm estendido esse tipo de "comércio" na relação com Deus. Muitas pessoas, acham que o que Deus espera delas é uma relação impessoal, interesseira e baseada em sacrifícios. Algumas acreditam que à medida em que se torturam, seja fisicamente, seja se abstendo de algo que gostem muito, seja participando obrigatoriamente de alguma celebração, Deus vai atender as suas preces. Outras, ainda, crêem que a doação de dinheiro, cestas básicas, ofertas especiais, dízimos, também vão fazer com que Deus seja mais generoso para com elas. Há, também, aqueles que "moram" nas comunidades religiosas, vivem mais para a Igreja do que para sua família, e, por isso, ainda que inconscientemente, esperam que Deus dê à elas um atendimento "vip". Enfim, a relação de troca chegou, novamente, no ambiente religioso. Entretanto, o autor de Provérbios, anos antes de Cristo, já anunciara aquilo que Jesus reforçou no seu ministério, ou seja, que o valor da fé não é manifesto nos rituais, cultos e sacrifícios, mas é demonstrado através do comportamento ético daquele que crê. Qualquer sacrifício que possamos fazer; qualquer troca que queiramos propor para receber a bênção de Deus; não é, em si, expressão de fé, pois, a fé, em sua essência, expressa-se no relacionamento com Deus, mas num relacionamento amigável, filial e, portanto, desinteressado. A fé não é um sentimento mágico que, à medido que temos, Deus vai realizando nossos pedidos. A fé não é a lâmpada mágica e Deus não é o gênio. A fé nos conduz a um relacionamento com Deus que nasce à partir da nossa percepção de quem ele é e do quanto necessitamos dele. Mas tal necessidade não é utilitária, mas, sim, relacional. E esse relacionamento com Deus, à medida que vai sendo desenvolvido, vai tornando o homem cada vez mais honesto, mais ético, mais verdadeiro, mais justo, enfim, cada vez mais parecido com Cristo. E é isso que agrada a Deus e beneficia o homem. O problema que eu vejo atualmente é que esse tipo de benefício provindo da relação com Deus, não é suficiente às pessoas. Elas querem demonstrar sua religiosidade; elas querem se sacrificar; com a finalidade de que Deus as cure, que as faça prosperar financeiramente, que ele realize milagres em suas vidas. Entretanto, observando a vida e ministério de Jesus, um dos grandes milagres realizado por ele é a transformação de um ser pecador, imperfeito, mesquinho, orgulho, injusto, desonesto, numa pessoa de bem, com caráter transformado, honesto, justo, generoso, ou seja, em alguém que Deus chame de filho. E o mais interessante percebermos é que tal milagre não requer sacrifício, nem dinheiro, nem troca, nem qualquer outra coisa, apenas a fé. E a fé como decisão de relacionar-se com ele com a finalidade de ser parecido com o Cristo. Isso agrada a Deus. Isso é bênção. Isso é fé. Qualquer sacrifício, troca, negociação, doação financeira (oferta, dízimo, contribuição), por mais boa intenção que se tenha, não pode, de maneira alguma, comprar a bênção, o relacionamento, e a filiação a Deus. Resta-nos, então, refletirmos acerca do que estamos buscando com a nossa relação religiosa: o Deus relacional ou o gênio da lâmpada?
Bom final de semana a todos!!!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

Um comentário:

  1. Nossa refleti muito bem nisso, li esse proverbio na biblia online e não entendi muito bem mas agora entendo perfeitamente! Obrigada!

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