quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"Com a sedução das palavras o persuadiu e o atraiu com o dulçor dos lábios. Imediatamente ele a seguiu como o boi levado ao matadouro, ou como o cervo que vai cair no laço até que uma flecha lhe atravesse o fígado, ou como o pássaro que salta para dentro do alçapão, sem saber que isso lhe custará a vida" (Provérbios 7:21-23)

Este capítulo de Provérbios trata sobre o homem e a mulher adúlteros, das relações conjugais ilícitas. O autor faz uma observação bem pormenorizada sobre como acontece o jogo da sedução que leva um homem ou uma mulher, embora comprometidos, a traírem seus cônjuges. É verdade que em tempos modernos, a traição já não é, necessariamente, física. Com o avanço tecnológico, já se fala em traição virtual. Porém, creio que antes da consumação de relações ou conversas íntimas via computador, a traição acontece, primeiramente, em nós mesmos. Geralmente, o ato sexual, o relacionamento extra-conjugal, ou os relacionamentos virtuais, são apenas resultados de um conflito interior que já não consegue ser contido e, portanto, extravasa de alguma forma: real ou virtual. O ativismo moderno, além de outros fatores, é um dos influenciadores desse tipo de experiência. Em busca de sucesso profissional ou na necessidade de suprir financeiramente o lar, maridos e esposas estão ficando da vez mais distantes uns dos outros, bem como dos filhos também. Este distanciamento, ainda que explicável, tem sua contrapartida relacional, a qual geralmente, se apresenta através do esfriamento afetivo. Assim, os casais constroem patrimônio, adquirem uma vida econômico estável, contudo, sentem dificuldade de curtirem juntos o resultado de seus esforços. Sabem muito sobre economia, plano de carreira, necessidades da casa, manutenção de automóvel, porém, pouco ou nada sabem sobre si mesmos e sobre o outro. Desta forma, quando se percebem desconhecidos, também percebem-se carentes de algo que os preencha e faça valer à pena todo esforço e investimento que fizeram ao longo da vida e, por não encontrarem no outro a correspondência da carência, ficam suscetíveis as investidas de terceiros. Envolvem-se em relações (não relacionamentos) aventureiras, que, por serem socialmente reprimidas, produzem a famosa sensação do "proibido que é mais gostoso", que eleva a adrenalina e, assim, ao mesmo tempo que reforça este tipo de relação, aumenta a culpa, os conflitos pessoais e os conflitos conjugais. Tais relações, na maioria dos casos (não é uma regra), quando assumidas publicamente, tendem a repetir ao relacionamento anterior, visto que, o que era "perigoso, por isso gostoso", torna-se comum. Em outros casos, quando o novo relacionamento é iniciado sem as demandas do relacionamento anterior, tem-se a impressão que, o relacionamento passado deixou de ser bom porque os investimentos foram mais destinados às coisas do que às pessoas (casal). Daí, então, na nova experiência relacional trata-se as coisas com mais maturidade e elenca-se como valor prioritário o relacionamento conjugal. Muitas pessoas já passaram por esse tipo de situação e tiveram algumas dessas percepções e, então, conseguiram reconstruir a vida. Outras, imaturas e, portanto, despreparadas para a vida, vivem até hoje sem condições de estabelecer qualquer vínculo relacional. E fazem isso, normalmente, por duas razões: 1) por causa da frustração com o casamento; 2) por causa de si mesmas, visto que não refletiram, tiraram suas conclusões e aprendizados; o resultado mais comum é a dificuldade de se estabelecer vínculos e, em alguns casos, o prazer em desfazer os vínculos formados, principalmente aqueles vínculos que lhes causam certa inveja. Com o evento da internet, muitas relações foram estabelecidas, visto que ficam veladas nas salas de bate-papo, somado a isto, o aumento da inafetividade e distanciamento conjugal resultam numa fórmula poderosa para desconstruir relacionamentos que foram sendo abandonados ao longo dos anos. Por isso, fique atento ao seu relacionamento. Novas oportunidades sempre aparecem, em todos os momentos, com propostas muito tentadoras ao nosso cônjuge. Nesses tempos modernos, dez, vinte, cinquenta anos de casamento não significam, necessariamente, que tudo esteja bem. Portanto, pra evitar desgastes, angústias e decepções: ao outro e a si mesmo, seja sábio, invista em seu cônjuge antes que alguém o faça.  
Com carinho e amizade,
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Pr. André Luís Pereira

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