Creio que em nenhuma outra época na história, viu-se tanta preocupação com a segurança. Por conta da segurança, o mercado de trabalho fez com que surgisse a profissão de "técnico de segurança do trabalho"; também, por conta da violência, estão surgindo os condomínios fechados, os quais são sinônimos de segurança. Até a cultura popular está sendo modificada visto que, antigamente, as famílias tinham preferência por casas, porém, por conta da marginalidade, e por conta da segurança da família, muitos estão dando preferência aos apartamentos. Enfim, como podemos perceber, a segurança é uma questão de prioridade para as pessoas. E quem consegue viver bem se não se sentir seguro? Porém, o fato de sentirmo-nos seguros não está, necessariamente, relacionado à moradia, à vigilância da polícia e nem a um ambiente de trabalho cuidado por um profissional da segurança. Na verdade, a segurança é um fator diretamente ligado às emoções, de forma que uma pessoa pode morar num bairro marginalizado e, mesmo assim, sentir-se seguro; da mesma maneira que uma pessoa pode morar num condomínio fechado ou num apartamento e, apesar de toda segurança e comodidade, sentir-se insegura. E é sobre este aspecto da segurança que o autor de Provérbios está falando, ou seja, não é de uma segurança anti-violência, mas de uma segurança emocional, aquela que provém da certeza da presença, da assistência, e do acolhimento. Um tipo de segurança que está disponível a nós, independentemente do poder aquisitivo. Ainda que muitas religiões estejam demonstrando um "deus" capitalista e explorador do sofrimento humano, o Deus sobre o qual a Bíblia fala, e o autor de Provérbios aponta, é aquele que se projeta em direção ao homem com o objetivo de ser-lhe um parceiro na caminhada da vida. Sim, a proposta de Deus, declarada de maneira muito clara na pessoa, vida e obra de Jesus, é estar com homem em suas limitações, carências, angústias, dificuldade vivenciais e todas as demais fragilidades próprias da humanidade. O Deus para o qual aponta o autor de Provérbios é o Deus que está mais disponível e interessado em dar do que em receber qualquer coisa do homem. Se há algum interesse de Deus naquilo que o homem possui, este interesse está voltado à felicidade deste. Sim, o interesse de Deus é a felicidade do homem, e isso sem qualquer interesse de negociação, seja via troca ou comercialização religiosa. Deus é o Pai amoroso, gracioso que, assim como nossos pais, querem cuidar de seus filhos. A expressão do autor de Provérbios: "os justos correm para ela e estão seguros", me trouxe à memória a cena da parábola do "filho pródigo" voltando ao lar, para os braços de seu pai, depois de perceber que longe do pai não havia outro ambiente de acolhimento, paz, amor e segurança. Enquanto estamos nesta jornada da vida, por conta de todas as vicissitudes que lhes são próprias, carecemos de direção, orientação e acolhimento, por isso, segundo a experiência e apontamento do autor de Provérbios, creio que possamos nos achegar a Deus e nos aconchegarmos em seu peito e, assim, mesmo quando estivermos nos sentindo sozinhos, a sua presença espiritual nos trará consolo, pacificação, acolhimento e segurança.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira
Gostei muito dessa esplanaçao...tirei proveito dela para minha vida...
ResponderExcluir