quarta-feira, 31 de julho de 2013

"Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados" (Provérbios 31:8)

Este provérbio é o conselho de uma mãe ao seu filho que é um rei, o Rei Lemuel. Esta mãe lembra ao seu filho acerca de uma das finalidades de um governo baseado na justiça: zelar pelos indefesos e desamparados. Ultimamente, por conta de interesses políticos e pessoais, os governos fazem dos desamparados um trampolim para o poder. Quando chegam aonde queriam, mantém o vínculo de dependência dos menos favorecidos e, assim, através do populismo, se estabelecem no poder. Porém, se fizermos uma análise geral do livro de Provérbios, veremos que a instrução desta mãe não está relacionada ao populismo, mas, sua instrução está relacionada a conferência da dignidade àqueles que não a tem. No livro de Provérbios, segundo a instrução do sábio, todo governo deve se estabelecer pelo exercício da justiça, da ética, do temor a Deus, e do amor ao próximo. Creio que pensar desta maneira pareça utópico, visto que esses valores estão cada vez mais distantes da maioria das mentes que se envolvem com o cenário político. A máxima: "o governo provém do povo e é para o povo", infelizmente, está longe de ser uma verdade. Até porque, muitos dos que exercem cargos públicos, nem sabem qual é a sua função. Numa reunião com centenas de funcionários públicos, um determinado prefeito pediu que levantassem uma das mãos aqueles que tinham feito curso de "gestão pública", para sua surpresa, das centenas de pessoas que estavam no auditório, menos de uma dezena se manifestou, demonstrando, assim, o despreparo e a incapacidade de o governo ter condições de defender os desamparados que, em nosso país, representam uma boa parcela da população. Imagine você que, mesmo sendo expressão democrática, há muitos políticos, ditos representantes do povo, que não têm as mínimas condições de interpretar um texto ou dirigir uma possível sindicância interna dos órgãos públicos. Se é democrático qualquer cidadão poder assumir um cargo público, também é democrático que tal pessoa tenha, no mínimo, condições de servir ao povo, muito mais do que a si mesmo. Mas, particularmente, penso que o problema de boa parte da classe política nacional esqueceu-se da sua razão de ser: representar e, portanto, cuidar dos interesses do povo. A mãe do rei Lemuel lembra-o acerca disso. Lembra-o de que a vida, quando revestida de poder, tem como finalidade canalizar a influência provinda do poder em função daqueles que estão à margem de qualquer tipo de influência. Talvez a exortação desta mãe tinha duas motivações: a) a sua maternidade, que a fazia empática às demais pessoas, especialmente os desamparados; b) os governos anteriores, próprios de Israel, que ora serviam a nação, ora a exploravam. Assim, ainda que esse conselho seja direcionado a um rei, creio que seja imprescindível que aqueles que são pais e mães, aconselhem e orientem seus filhos a não serem meros servos de si mesmos, mas que, ao longo da vida, em suas profissões e meios relacionais, se importem com aqueles que, por diversas questões, não tiveram o mesmo amparo, amor, educação. Um governo justo, primeiramente, nasce de um povo justo. 
Com carinho e amizade, 
Pr. André Luís Pereira

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