Desde a minha adolescência minha mãe dizia que eu tinha de ser sábio para escolher uma mulher para estar ao meu lado pro resto da vida. Naquela época, eu nem me preocupava muito com isso, estava vivendo a fase das diversões com os amigos, a vida corrida na Igreja, os muitos cursos profissionalizantes e a expectativa da profissão. Com o passar dos anos, fui dando um pouco mais de atenção acerca disso e, observando relacionamentos conjugais, percebendo a importância de se ter alguém sensato ao lado. Em tempos um pouco mais modernos, vejo que esta já não é mais a preocupação dos jovens. Por conta da facilidade do acesso à faculdade e, também, do desenvolvimento de relacionamentos que não requerem vínculos afetivos, vejo nascer uma geração mais voltada a si mesmo do que para o outro. Segundo uma reportagem de um determinado programa jornalístico, casamento não é algo que gera preocupação entre os jovens, ainda que, no caso das mulheres, há ainda o sonho do vestido de noiva e da constituição de uma família. Tendência, acredito eu, que há de ir enfraquecendo ao longo dos anos a medida que os relacionamentos forem se constituindo cada vez mais descartáveis. Entretanto, apesar de tudo isso, talvez porque eu seja saudosista, acredito no casamento como projeto de vida e algo significativo e imprescindível para a felicidade humana. Creio que não fomos criados para o individualismo. Somos seres sociais, altamente relacionais e que, conforme mostra a história, co-dependentes. Cito a história porque é através dela que percebemos o quanto a união dos povos, principalmente nos momentos de crise, ajudou a civilização a manter-se firme e a vencer seus desafios. Quando não há tal união, geralmente, o povo padece, e em alguns casos, extingui-se. Creio que este senso de união, de co-dependência e sobrevivência nasce, especialmente, no ambiente familiar. Olhe ao seu redor e perceba que muitos daqueles que estão entregues aos vícios, marginalizados nas calçadas, esquecidos pelo mundo, geralmente, procedem de famílias desestruturados ou não tiveram família alguma. Particularmente, eu não sei o que nos aguarda nos próximos vinte anos, entretanto, se os relacionamentos continuarem na filosofia descartável, acredito que assistiremos ao desenvolvimento de mais casos de depressão, angústia, violência, dependência química, etc. E tudo isso será um dos resultados da desconstrução do ambiente mais seguro, mais estabilizador e mais estruturador que temos, a família. Portanto, a semelhança do autor de Provérbios, creio que seja tempo de pensar naquilo que estamos edificando hoje, pois, aqueles que acharem uma boa companhia para a vida, com certeza, através de suas famílias, poderão oferecer uma esperança para um mundo que já está clamando por socorro. Pense nisso! Valorize o tesouro que você tem em casa.
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira