É difícil conviver em ambientes nos quais somos rodeados pela mentira e a falsidade. O autor desta frase, Agur, faz um pedido para Deus. Entretanto, tal pedido parece ter duas dimensões: social e a pessoal. Na dimensão social expressa-se a preocupação de não querer estar envolvido com pessoas falsas e mentirosas, afinal, quem se sente seguro convivendo com gente assim? É desgastante trabalhar, estudar, enfim, conviver num espaço onde todas as palavras têm de ser medidas, todas as atitudes devem ser policiadas, praticamente, a gente se torna um prisioneiro emocional. Na dimensão pessoal, creio que o pedido de Agur tem a ver com ele mesmo, com o seu desejo de não ser alguém que se valha da mentira e da falsidade para com os outros e consigo mesmo. E esta é uma tentação diária para cada um de nós. Quantos momentos há em que uma mentira resolveria o nosso problema? Quantos momentos há em que a falsidade evitaria diversos enfrentamentos próprios, e necessários, num relacionamento? Porém, mentir ou fazer de conta que não está acontecendo nada, ou então tratar de situações como se a gente não se importasse com elas, é a maneira humana mais desumana de lidar com várias situações nesta vida. O problema é o quanto tudo isso nos adoece, nos empobrece, e desenvolve em nós a covardia. Sim, porque as pessoas mentirosas e falsas são, na verdade, pessoas que têm medo de encarar a vida; de encarar seus relacionamentos; e encarar as consequências dos seus atos e decisões; por isso mentem, por isso dissimulam. Mas como é ruim ter de sustentar uma mentira; como deve ser ruim não poder ser aquilo que se é e, então, ter de escrever uma história paralela a história real da nossa vida. Como deve ser ruim não ser sincero, verdadeiro e honesto com as pessoas que nos cercam. Há pessoas que optam pela falsidade como estratégia de convivência com as pessoas que elas não gostam, que terrível! Agir assim é o mesmo que igualar-se aos desafetos. Entretanto, por outro lado, como é maravilhoso ser alguém em quem as pessoas podem se relacionar com segurança. Como é bom ter a liberdade de ser quem nós realmente somos, sem medo, sem insegurança, apenas oferecendo às pessoas nossas potencialidades e, até, fraquezas. Como é bom ter condições, por conta da nossa maturidade, de enfrentar a vida de frente e assumir, conscientemente, nossas responsabilidades e as consequências dos nossos atos. Isso implica em viver bem! Viver assim é experimentar aquilo que chamamos de qualidade de vida. Viver assim é libertarmo-nos das cadeias que a mentira e a falsidade impõem sobre aqueles que delas fazem uso. Jesus disse que a verdade liberta, e eu penso que ele disse isso vislumbrando, também, o aspecto pessoal, o caráter daquele que crê. Eu sei que, às vezes, a mentira parece ser uma alternativa mais prática e que a falsidade se apresenta como uma maneira mais simples de transitarmos em determinados ambientes, entretanto, de que vale tanta praticidade e simplicidade quando o nosso caráter está sendo consumido?
Pense nisso, e tente provar a liberdade que vem da verdade.
Um abraçãozão!
Pr. André Luís Pereira
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