quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

“Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o defensor de todos os desamparados” (Provérbios 31:8)


Provérbio desafiador este, não é mesmo? Digo isso porque, neste tempo em que não temos tempo nem pra nós mesmos, e num tempo em que utilizamos todas as nossas forças apenas com objetivos individuais, é difícil olharmos ao redor, percebermos aqueles que necessitam de alguém que seja por eles, e envolvermo-nos numa causa que não é, em tese, problema nosso. Usei a expressão “em tese” porque, com o passar dos anos e por conta dessa filosofia individualista-edonista-capitalista, pouquíssimas pessoas se importam umas com as outras, e isso acontece até no ambiente familiar. Tal filosofia, essencialmente introduzida no cotidiano pós-moderno, tem conduzido a sociedade a relacionar fragilidade emocional, financeira e profissional, com fraqueza ou incapacidade de lidar com a vida, fazendo com que aqueles que apresentam tal quadro, sejam deixados de lado pelos “aparentemente normais” que, por se acharem “fortes”, evitam o relacionamento com os “fracos”. Porém, à medida que vamos amadurecendo, pelo menos para aqueles que se permitem a maturidade, percebemos que, na verdade, não é possível que uma pessoa seja saudável sem que se relacione saudavelmente com outras pessoas. O estabelecimento de vínculos relacionais, principalmente com aqueles que não pertencem à mesma raça, classe social, credo religioso, gênero, ou seja, com o diferente, faz com que vivamos melhor. Assim, a qualidade de vida está mais ligada aos relacionamentos, ou seja, à maneira como os construímos e os desenvolvemos, do que com quaisquer outras coisas que possamos pensar. Aqueles que gostam de servir o próximo, especialmente o próximo desconhecido, sabem o quanto tal serviço lhes proporciona bem-estar. E isso acontece não apenas por conta de um sentimento de dever cumprido, pois, pessoas que gostam de servir nada fazem por obrigação, mas fazem com alegria, mesmo quando há decepções na caminhada. Pode ser que aqueles que não se importam com o bem-estar alheio, achem toda essa conversa uma grande besteira, porém, para estes, a única coisa que não é besteira é a si mesmos, do resto, tudo é “resto”. O provérbio de hoje é o conselho que uma mãe dá ao seu filho que é um rei, o rei Lemuel. Para essa mãe a maior grandeza de um rei não está no patrimônio ou no poder bélico que seu reino possui; para ela a maior grandeza está no exercício de um governo justo, em que todos os homens sejam beneficiados à medida que o rei governa pautado pela justiça, honestidade e fé. Sendo assim, podemos refletir acerca de nós mesmos e dos valores que norteiam nossa trajetória nesta terra. Será que estamos ofuscados pela filosofia social, discriminando os diferentes e sendo indiferentes ao sofrimento deles? Ou será que, envolvidos num processo de maturidade, estamos cultivando os valores mais precisos desta terra, a saber, a solidariedade, compaixão, misericórdia e doação? A sabedoria que adquirimos nesta vida não é um patrimônio para nós mesmos, pelo contrário, é um patrimônio a serviço de todos. Pense nisso!
Boa noite a todos!
Com carinho e amizade,
Pr. André Luís Pereira

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